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Papa recebe relatório sobre a violência contra os indígenas no Brasil

No dia 12 de abril, o Papa Francisco recebeu o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, publicado anualmente pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O presidente da entidade e arcebispo de Porto Velho (RO), dom Roque Paloschi, entregou o levantamento ao Pontífice, no Vaticano, durante a abertura da reunião preparatória ao Sínodo da Amazônia, marcado para outubro de 2019.

A secretaria executiva do Cimi informa que dom Roque transmitiu ao Papa a preocupação da entidade com a atual conjuntura de retirada de direitos imposta pelo Governo – caso das demarcações de terras submetidas ao Parecer 001 da Advocacia-Geral da União (AGU).

No Relatório, entregue ao Papa Francisco, consta que a violência contra os povos indígenas no Brasil levou a 118 assassinatos, em 2016

No Relatório, entregue ao Papa Francisco, consta que a violência contra os povos indígenas no Brasil levou a 118 assassinatos, em 2016. Ao todo, 106 indígenas se suicidaram neste mesmo ano; 735 crianças indígenas menores de 5 anos morreram por causas diversas, como desnutrição. Francisco já conhece os dados dos anos anteriores: em 2015, foram 137 assassinatos; 2014, 138. Já em 2013, quando foram contabilizados apenas os casos levantados pelo Cimi sem a ajuda dos dados estatais, foram 53.

Ao lado de dom Roque, representando o Cimi estavam o ex-presidente da entidade e bispo emérito do Xingu (PA), dom Erwin Kräutler, e o assessor teológico, padre Paulo Suess. Os três fazem parte do Conselho Sinodal, composto por 18 membros – entre religiosos e leigos. Também atuam na Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), da qual o Cimi faz parte.

PRÉ-SÍNODO

Na mesma data, na Secretaria para o Sínodo, estiveram reunidos os 18 membros do Conselho Sinodal e mais 13 especialistas em questões amazônicas, na abertura dos trabalhos do pré-Sínodo. O encontro de abertura foi presidido pelo Papa Francisco.

O cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário do Sínodo, definiu a Amazônia como um jardim de imensas riquezas e recursos naturais, terra mãe de povos indígenas, com uma história própria e um rosto inconfundível. Terra ameaçada pela ambição sem limites e o afã de domínio dos poderosos.

Integrantes do Conselho Sinodal com o Papa Francisco durante encontro preparatório, no Vaticano. Foto: Repam

Outro elemento, foram os novos caminhos que estão no título deste Sínodo, que se realizará em outubro de 2019. A Amazônia foi apresentada como um espaço sócio cultural que implica um duplo desafio: por um lado, um desafio para a Igreja, no sentido que a Amazônia é uma terra de missão, com características próprias que exigem caminhos novos e soluções apropriadas para inculturação no Evangelho; por outro lado, não menos importante, está o desafio apresentado pela problemática ecológica, que exige como resposta uma ecologia integral na linha com a Encíclica Laudato Si’.

Os trabalhos do Conselho pré-sinodal para a Amazônia foram finalizados no dia 13 de abril. Os encontros contaram sempre com a presença do Papa Francisco. Chamados de lineamenta, os documentos preparatórios baseiam-se no método ver, julgar e agir.

Padre Justino Rezende, da etnia Tuyuca, era o indígena presente: missionário salesiano há 34 anos e sacerdote há 24. Na sua apresentação ao Santo Padre e aos demais membros do pré-Sínodo, ele falou de sua alegria de ser um dos participantes, de estar pela primeira vez diante do Papa e da presença da Igreja no meio de seu povo.

HISTÓRICO

Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral. Este é o tema escolhido pelo Papa Francisco para a assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica. Na verdade, os preparativos já começaram efetivamente durante a recente visita do Papa ao Peru, mas o Sínodo será realizado em outubro de 2019. Jorge Mario Bergoglio também nomeou os 18 membros do Conselho Pré-Sinodal, que colaborará na preparação do evento. Entre eles estão uma freira e um leigo, os vigários apostólicos de diversas comunidades amazônicas, o cardeal Claudio Hummes e o bispo missionário Erwin Kräutler.

O Papa, que havia anunciado a intenção de convocar um Sínodo especial sobre a Amazônia aos bispos peruanos durante a visita ‘ad limina’, em maio de 2017, fez o anúncio oficial durante o Angelus de 15 de outubro: “acolhendo o desejo de algumas Conferências Episcopais da América Latina, além da voz de diversos pastores e fiéis de outras partes do mundo”, disse ele na ocasião aos fiéis, “decidi convocar uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, que terá lugar em Roma em outubro de 2019”.

De acordo com Francisco, “o objetivo principal desta convocatória é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, muitas vezes esquecida e sem a perspectiva de um futuro sereno, devido inclusive à crise da floresta amazônica, pulmão de capital importância para o nosso planeta. Que os novos santos intercedam por este evento eclesial, para que, no respeito à beleza da Criação, todos os povos da terra possam louvar a Deus, Senhor do universo, e, por Ele iluminados, trilhem caminhos de justiça e paz”.

A Amazônia é a maior floresta do mundo e se estende por nove países da América Latina: Brasil, principalmente, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

 

1- Matéria escrita por Cristiane Murray – Cidade do Vaticano

2-  A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, em 08-03-2018. A tradução é de André Langer. Publicada no Brasil pelo Instituto Humanitas Unisinos (IHU)

Fonte: Por Ascom/Cimi com informações da Ascom/Repam(1) e Vatican Insider(2)

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