Deixe que os versos do Pe. Adriano Luís Hahn, SJ, toquem seu coração e despertem sua consciência. A Amazônia queima, e com ela, a vida de incontáveis seres. Leia este poema e reflita: até quando permitiremos que o fogo e a ganância destruam a nossa Casa Comum?
Queimadas
Em Manaus, cedo acordei
Dificuldades de respirar encontrei
Um fumo escuro na cidade pairava
Um cheiro de morte ali estava
Escuridão formada pela queimada
E a natureza de novo agonizava.
O bem-te-vi estava triste
A arara-azul quase não existe
O beija-flor sem flores
A onça pintada com dores
O fogo fazendo horrores
O homem e seus terrores!
Murchou a bananeira
Queimou a castanheira
O angelim-vermelho caiu
O peixe-boi nas águas sumiu
O boto, assustado mergulhou
O galo-da-serra desmaiou
O jacaré, fugindo, muito nadou
O tucano para longe voou
O papagaio apavorado gritou
A anta dentro do rio saltou
A coruja sufocada, desistiu
O gavião-real, ninguém o viu.
O sapo-cururu pulou, pulou, assou
O periquito seus filhotes abraçou
O uirapuru desesperado escapou
Uma mangueira o fogo abrasou
O mundo das formigas desabou
A vida de milhares de insetos acabou.
Mulheres e crianças na rua tossindo
Suas narinas, de tanta fumaça doendo
Os hospitais mais gente recebendo
Quem está o crime ambiental vendo?
Quem está os culpados punindo?
Para onde a humanidade está indo?
(Adriano Luís Hahn, setembro, 2023)