Poema | Queimadas

Em Manaus (AM), cedo acordei
Dificuldades de respirar encontrei
Um fumo escuro na cidade pairava
Um cheiro de morte ali estava
Escuridão formada pela queimada
E a natureza de novo agonizava.

O bem-te-vi estava triste
A arara-azul quase não existe
O beija-flor sem flores
A onça pintada com dores
O fogo fazendo horrores
O homem e seus terrores!

Murchou a bananeira
Queimou a castanheira
O angelim-vermelho caiu
O peixe-boi nas águas sumiu
O boto, assustado mergulhou
O galo-da-serra desmaiou
O jacaré, fugindo, muito nadou
O tucano para longe voou
O papagaio apavorado gritou
A anta dentro do rio saltou
A coruja sufocada, desistiu
O gavião-real, ninguém o viu.

O sapo-cururu pulou, pulou, assou
O periquito seus filhotes abraçou
O uirapuru desesperado escapou
Uma mangueira o fogo abrasou
O mundo das formigas desabou
A vida de milhares de insetos acabou.

Mulheres e crianças na rua tossindo
Suas narinas, de tanta fumaça doendo
Os hospitais mais gente recebendo
Quem está o crime ambiental vendo?
Quem está os culpados punindo?
Para onde a humanidade está indo?

Autoria de Pe. Adriano Luís Hahn, SJ

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