A Conferência Episcopal Portuguesa manifestou a sua preocupação perante as consequências da austeridade sobre a população e apelou a uma “cultura do diálogo” para superar a atual crise econômica. “Os bispos alertam quem tem a nobre missão de governar o nosso país para uma justa aplicação das medidas com vista à recuperação da economia e finanças, em que sejam poupados os que já vivem sob o peso de asfixiante austeridade”, refere o comunicado final da assembleia plenária do organismo, que se realizou em Fátima.
O órgão máximo do episcopado católico em Portugal pede a “prática de uma cultura do diálogo e da procura do bem comum, ultrapassando individualismos pessoais ou de grupo”, para que se superem “protagonismos e querelas sociais e políticas que, sem nada solucionar, criam um clima que dá a sensação de impasse ou de continuação indefinida da crise atual”.
Neste sentido, a CEP destaca a “importância da explicação, clara e prévia, das medidas que se tomam e das razões que as determinam”.
O Vice-Presidente do organismo episcopal, Dom Manuel Clemente, frisou em conferência de imprensa a importância de “dar a cada um o que lhe é devido”, com atenção a “quem mais precisa”, e a necessidade de maior “pedagogia social” para que se possam entender os problemas que afetam a sociedade.
O bispo do Porto condenou ainda a violência que se verificou esta quarta-feira diante do Parlamento, após uma manifestação de protesto em dia de greve geral, sublinhando que estes atos são “uma injustiça” pelos danos que provocam.
Os membros do episcopado dizem sentir como seus os “os sofrimentos e angústias dos que padecem mais duramente as consequências da atual crise” e precisam que a solidariedade da Igreja Católica se tem manifestado “sobretudo no cuidado aos mais débeis e necessitados, vítimas de antigas e novas pobrezas, através de múltiplas obras e iniciativas no campo social e caritativo”.
O documento final cita o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, que como presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, “expressou solidariedade com o grande número de pessoas que se veem obrigadas a abandonar o País, optando pela emigração”.