Mostrar aos alunos como a natureza “faz” negócios e oferece soluções para problemas do dia a dia é uma missão prazerosa para o professor do departamento de Design da PUC-Rio, Fred Gelli (foto). Considerado um dos maiores especialistas brasileiros em Biomimética — ciência que busca inspiração e aprendizado na natureza para projetos sustentáveis em várias áreas do conhecimento, como desenho industrial, arquitetura e engenharia —, o professor avalia que a resposta dos alunos é cada vez mais positiva. E aí, a biônica é o ponto central. “A natureza é fonte de resposta para qualquer problema”, declara Gelli.
“Quando você olha para qualquer ecossistema como fonte de inspiração para pensar nessa perspectiva dos negócios, a gente está falando de um grande ambiente de trocas, assim como ocorre nos nossos ambientes de negócio”. A diferença é que, na natureza, o ambiente nessas trocas é sustentável, apesar de cada elemento ter o seu lucro para poder sobreviver. “Existe ali um balanço interessante entre competição e cooperação”.
O professor citou o caso do leão, que precisa de um território de pelo menos 30 quilômetros quadrados para poder viver bem. “É o lucro dele. Só que existe uma sabedoria universal que faz com que ele entenda que, para existir, o seu vizinho tem que ter o seu próprio lucro. Porque sabe que, se esses “caras” deixam de existir, o sistema do qual ele depende e ele próprio podem ficar ameaçados”, disse.
No caso do jeito humano de fazer negócios, segundo ele, a conclusão é que “o homem quebrou esse equilíbrio fino entre competição, que é necessária para as coisas evoluírem, e cooperação”. O desequilíbrio dessa lógica foi causado pela ganância, que priorizou a maximização do lucro e a minimização dos custos a qualquer preço. “Esse tipo de pensamento vai contra a lógica da natureza de entender que você precisa garantir a geração de valor para todo o ecossistema do qual faz parte”. A isso se denominam negócios de valor compartilhado, enfatizou Gelli. Ele acredita que esse será o jeito de fazer negócios no futuro.
No ano passado, Gelli desenvolveu, com apoio da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, um projeto que visava entender como os negócios são processados pela natureza. A ideia era criar um banco de inspirações para qualquer pessoa interessada em criar algo a partir de organismos bióticos. Esse banco está em andamento o tempo todo, porque não tem fim, segundo Gelli. Chamou a atenção, porém que embora o conceito seja original, a perspectiva é óbvia.
“Quando você olha para qualquer ecossistema como fonte de inspiração para pensar nessa perspectiva dos negócios, a gente está falando de um grande ambiente de trocas, assim como ocorre nos nossos ambientes de negócio”. A diferença é que, na natureza, o ambiente nessas trocas é sustentável, apesar de cada elemento ter o seu lucro para poder sobreviver. “Existe ali um balanço interessante entre competição e cooperação”.
Fonte: Agência Brasil