O professor Andrea Pagano conversou com os educadores do Colégio Medianeira e das escolas do Projeto Parcerias a respeito das experiências e vivências pedagógicas realizadas na região italiana de Reggio Emilia, no dia 22 de agosto. Considerada um dos casos de maior sucesso da Educação Infantil em todo o mundo, a inovação pedagógica proposta na cidade foi resultado da destruição causada pela Segunda Guerra Mundial e da necessidade premente de reconstrução social e cultural vislumbrada por um grupo de professores.
Segundo Pagano, o “segredo” da experiência vivenciada em Reggio Emilia é que o educador está atento às crianças e consegue valorizar a maneira como cada um aprende sem subestimar as suas capacidades e habilidades. “A criança é um ser competente, pois é capaz de fazer muitas coisas”, explica.
Sob a ótica do estudante infantil como sujeito ativo no processo de aprendizagem, o diretor acadêmico do Medianeira, Fernando Guidini, observa que é preciso pensar um projeto pedagógico que atenda à criança e suas especificidades. “Como podemos desenvolver um currículo que atenda à infância, aos atuais estudos da sociologia da infância e àquilo que vem pela Base Nacional Comum Curricular? Temos que pensar um projeto centrado na criança e para a criança”, comenta Guidini.
Para Danielle Stapassoli, coordenadora do Parcerias e responsável pelo Serviço de Orientação Pedagógica (SOP) do 4º e 5º anos, a palestra do professor Pagano representa uma importante experiência de capacitação. “A conversa significou uma comunhão com tudo aquilo que qualifica a Educação Infantil e também um anseio por novas e melhores possibilidades de projetos e processos pedagógicos”, diz a educadora.
Diálogo
Apesar das diferentes realidades vivenciadas no Brasil e na Itália, existe um forte diálogo entre o Projeto Político-Pedagógico (PPP) do Colégio Medianeira e a proposta educativa de Reggio Emilia. Na visão de Stapassoli, a principal confluência é justamente a preocupação com a formação de sujeitos capazes de ler, interpretar e se adaptar aos mais diversos contextos por meio das conexões entre as diversas área do conhecimento. “Pensando dessa forma, o estudante estará mais preparado para se adaptar às exigências do seu contexto, aprenderá a lidar melhor com as frustrações, conflitos, incertezas e improvisos, próprias da vida e do trabalho”, avalia.
Curiosidade
O processo de aprendizagem da Educação Infantil precisa ser pautado pela descoberta e pela curiosidade. Para o professor, os pequenos estão sempre procurando respostas e fazendo perguntas. “A criança é um ser rico porque tem sempre um olhar novo para a realidade”, comenta Pagano, e completa afirmando que o mais importante não é a noção de certo ou errado, mas o valor da troca de experiências.
Nesse sentido, como exemplifica Stapassoli, é preciso que o educador esteja preparado para fazer a mediação entre o conhecimento e o estudante, permitindo também a interação entre os diferentes atores de uma escola. Os desafios da contemporaneidade precisam ser a força motriz da escola de hoje, colocando a aprendizagem plural e qualificada.
De acordo com Fernando Guidini, o professor Pagano mostra que é possível construir um currículo para a Educação Infantil a partir da realidade das crianças e atendendo ao seu cotidiano. “É a partir das realidades social e cultural, da curiosidade e daquilo que é a relação com o ambiente que podemos pensar campos de experiência, articulando projetos e, diante disso, formando pessoas”, afirma.
Fonte: Colégio Medianeira (Curitiba/PR)