“Cobiça. Essa é a palavra central da queda do ser humano no jardim”. Foi sobre isso que André Wenin (foto), da Universidade Católica de Louvain da Bélgica, falou nesta terça-feira, dia 19 de março, no ciclo de palestras promovidas para a programação da Páscoa IHU (Instituto Humanitas Unisinos).
Diferenciando a fala do primeiro dia, ele conta que essa é uma história de um homem, de uma mulher e da natureza: um olhar mais apurado sobre o ser humano. “Deus criou o mundo e depois o ornamentou e impôs uma regra: que uma fruta específica não deveria ser consumida – da árvore da vida”, disse o professor. Começa, então, uma narrativa entre mulher e serpente. A árvore, segundo Wenin, não era reservada para Deus. “Ele não diz ‘eu’ em momento algum. Não sabemos qual é a sua intenção. Ele só adverte: se pegares tudo, irás morrer. É uma forma de advertir sobre a cobiça, que é esse desejo que não aceita ser estruturado por um limite”, explica.
“Deus não priva o ser humano do conhecimento. Ele só dá uma ordem para o homem confiar em sua palavra sobre o que é bom e o que não é”, conta o professor. Porém já conhecemos a história e sabemos o que acontece: “A serpente vai introduzir a desconfiança. ‘O que ele não quer que eu saiba?’ Ela está desviando o olhar do homem para o que ele não pode dispor”.
Wenin afirma que o fato de Eva ter comido da fruta não foi por não confiar em Deus, mas sim por ter medo de morrer. “Ela não age positivamente por confiança, mas negativamente por medo”, sublinha. A árvore, então, muda na percepção do homem: não é mais a ‘árvore da vida’, mas sim a ‘árvore proibida’. Wenin explica que dizer que a árvore se encontra no centro do jardim é uma maneira de agora mostrar que essa árvore está no centro da atenção “Nesse momento, Eva já caiu na armadilha da cobra”, conclui.
Depois da queda, a concretização da cobiça: Adão não coloca nenhuma resistência para comer do fruto e ainda coloca a culpa na mulher. Porém, ao contrário do que a serpente dizia sobre comer do fruto proibido, eles não se tornaram como Deus, mas sim nus. Assim como a “serpente era a mais nua dos viventes do jardim”, Adão e Eva perceberam que não tinham roupas: se tornaram à imagem da cobiça, da serpente.
Hoje (dia 20), será realizada a última palestra de André Wenin na programação da Páscoa IHU, a partir das 19 horas, na Unisinos.
Fonte: IHU Online