A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) lançou o projeto Gente é para brilhar – Doe para quem tem fome, com o objetivo de arrecadar fundos para comprar e doar alimentos, produtos de higiene e limpeza para famílias que estão em situação de vulnerabilidade, condição agravada pela pandemia. São duas ações: Bom Samaritano, para beneficiar 28 comunidades, e Elo, voltada à Rocinha.
Segundo o vice-reitor da PUC-Rio, Pe. Anderson Antonio Pedroso, SJ, uma instituição católica precisa estar atenta às necessidades da população. O vice-reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio, destaca a importância da parceria com a Rocinha, um bairro vizinho da Universidade. Confira a entrevista:
Qual é a importância de a PUC-Rio ajudar pessoas que passam necessidade durante este momento de pandemia?
Pe. Anderson: O fato de a PUC-Rio ajudar neste momento de pandemia corresponde à sua identidade e missão, ou seja, sua razão de ser e ao que ela é chamada a realizar no Rio de Janeiro. A Universidade precisa da cidade e a cidade precisa da Universidade. É uma relação de troca. Sendo uma universidade católica, a PUC é ainda mais chamada a responder de imediato a esta necessidade gritante. Vivemos um momento muito difícil em que as pessoas passam fome, e não podemos fechar os olhos para esta realidade. Acho que esta iniciativa é um exercício de humanidade, e é importante que a Universidade se implique, se envolva e responda a esta urgência porque é uma forma de a PUC mostrar que está viva e atenta à realidade e ao futuro.
Quais valores que a PUC-Rio transmite para alunos, funcionários e cariocas ao realizar uma campanha de solidariedade deste porte?
Pe. Anderson: O primeiro é o valor da solidariedade, que só existe enquanto é vivido de maneira prática e ativa. As pessoas que são solidárias de verdade estão sempre envolvidas. Tem o valor católico da abertura, estimulado pelo Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti. Ele fala de uma Igreja em saída, que não espera as pessoas serem consoladas, mas vai ao encontro delas. A PUC é uma universidade em saída, que não fica esperando, mas vai ao encontro; não leva as coisas simplesmente e deposita, mas estabelece vínculos nos lugares. Muitos projetos da PUC não querem somente atender às necessidades das pessoas, mas desejam construir com as comunidades, e este é o diferencial, um valor participativo. As lideranças dos lugares fazem parte. Por fim, a ética permeia tudo. Nós sabemos onde chega o dinheiro doado, e isto sensibiliza as pessoas quando percebem a seriedade e ética.
No início da pandemia, o projeto Bom Samaritano teve a parceria da Pastoral e do Departamento de Teologia. Agora, a Universidade abraça todo o projeto. Este caráter social e solidário será cada vez mais frequente nas prioridades da PUC-Rio mesmo após o fim da pandemia?
Pe. Anderson: A campanha do Bom Samaritano teve um grande sucesso. Já foram arrecadadas 8.220 cestas básicas, cerca de 50 mil produtos de higiene e limpeza e 91 toneladas de alimentos. As doações são distribuídas de maneira muito justa, de acordo com quem mais precisa, a maior urgência. Existe uma logística, e o grupo chamado Francisco coordena estas atividades. Eu sonho em fazer campanhas emergenciais na PUC que não sejam dar de comer às pessoas, mas que atendam a outras necessidades e sentidos, de integração entre os indivíduos. As pessoas têm também necessidades menos básicas que a fome, de mais educação, de arte. Sonho com o momento em que a PUC possa se alimentar mais das pessoas. Que seja um exercício constante de olhar para a cidade. O Rio precisa de uma PUC aberta e solidária, e ela precisa de um Rio saudável. Para isto, a cidade tem que dar comida, luz, iluminar as pessoas. Por isso o nome da campanha: Gente é pra brilhar.
Qual o papel da Universidade na campanha Elo PUC-Rio & Rocinha contra a pandemia?
Augusto Sampaio: A Universidade tem o histórico de estar sempre presente nas crises existentes, nos problemas da sociedade, de acordo até com o nosso pensamento social cristão. Ela não pode dar as costas ao problema que atinge a todos nós. Este mal é democrático e atinge o rico, o pobre, o jovem, o idoso, mas principalmente a população que vive marginalizada. Esta população é a que sofre mais, pelas condições de habitação, pela falta de recurso para comprar alimentos. O programa de cadastramento dos participantes foi criado pelo professor Sérgio Lifschitz, e os coletivos que participam da campanha têm ligação com a PUC: o Tmj Rocinha é liderado por um funcionário da PUC; o professor Marcelo Burgos participa ativamente do Rocinha Resiste; alunos de doutorado em engenharia fundaram o pré-vestibular comunitário Só Cria.
Qual a relação da PUC-Rio com a Rocinha e por que a escolha desta comunidade como destino das arrecadações?
Augusto Sampaio: A Rocinha é uma extensão da PUC, é considerável o número de alunos, ex-alunos, funcionários e terceirizados que moram lá. A Rocinha é a comunidade que está mais próxima da Universidade. Não poderíamos ficar ausentes em uma campanha que visa exatamente a população mais atingida, que mais sofre: as mães solteiras, os idosos, deficientes. A PUC tem vários elos com a Rocinha, e uma das razões que nos dão garantias de que faremos um bom trabalho é que ela é feita com a comunidade por meio dos coletivos, e, pela primeira vez, temos a participação das associações de moradores AMA Gávea e da AMA São Conrado. É a Universidade se juntando com coletivos da Rocinha e com as comunidades da Gávea e de São Conrado. E a grande ajuda é na divulgação. De repente alguém não pode doar quantias altas ou nenhum outro valor, mas divulgar nas redes sociais seria muito importante no momento para a campanha.
PARA CONTRIBUIR
Bom Samaritano – Instituto Francisco:
PIX: 10.484.636/0001-00 (CNPJ) ou Move Rio (Razão Social). Banco Itaú, Agência 0726, Conta Corrente 64794-4.
ELO:
Para doar por cartão de crédito ou boleto bancário, acesse: https://bit.ly/3xdGPYw.