Representes de instituições da sociedade civil participarão do II Colóquio Latino-americano sobre Políticas de Segurança e Direitos Humanos: Enfocando a Primeira Infância, Infância e Adolescência, que será realizado na quinta e sexta-feira, dias 21 e 22 de março, na PUC-Rio. O evento promoverá um debate sobre os direitos infantojuvenis no âmbito das políticas de segurança no Brasil e na América Latina. Irene Rizzini (foto), diretora do CIESPI (Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância), contou sobre a proposta do encontro e a situação brasileira nesta questão.
Por que é importante discutir sobre políticas de segurança e direitos humanos na infância e adolescência?
Irene Rizzini: O tema central é a discussão da manutenção da paz e da ordem social de uma forma mais humanizada e eficaz, e que leve em consideração a população infanto-juvenil. Essas políticas são muito importantes para o desenvolvimento do nosso país e devem ser repensadas e modernizadas. Nós temos, por exemplo, uma herança histórica de mau tratamento da população, temos uma tradição desigual de acesso à justiça, temos práticas policias que foram instauradas na última ditadura e que ainda são utilizadas. É exatamente sobre isso que queremos debater, mas com o foco sobre a população infantil.
É possível elencar possíveis causas para a violência infantojuvenil?
Irene: A violência atinge a todos nós, sem distinção. O que muda é a maneira como somos atingidos. As classes mais privilegiadas têm acesso à segurança de qualidade, mas as classes mais vulneráveis não conseguem isso. Muito se sabe sobre violência. O que precisamos reforçar é a possibilidade de que as informações e os dados disponíveis cheguem aos formuladores das políticas de segurança e que sejam considerados pelas secretarias, fóruns e ministérios onde são deliberados. E mais importante: Essas políticas de segurança devem ser executadas e mantidas.
Atualmente há uma redução ou aumento no índice de violência brasileiro? Quais medidas devem ser tomadas para que o decréscimo neste índice seja constante?
Irene: O Brasil é um dos cinco países mais desiguais do mundo, socialmente falando, mas o quadro brasileiro hoje é muito mais interessante do que no passado. A participação da sociedade civil colaborou muito para que os índices de violência reduzissem. Mas ainda precisamos de planejamentos que contemplem mais a população para que esses índices continuem diminuindo.
Quais as expectativas sobre o debate?
Irene: Queremos dar continuidade o que já vem sendo feito, difundir conhecimentos entre os participantes e levar a discussão para todos os cantos. Queremos trazer esse debate para a Universidade, que já é engajada na questão social, e tentar devolver para a sociedade uma resposta positiva de modo a impactar as políticas envolvidas para que mudanças aconteçam.
Qual o papel dos meios de comunicação dentro dessa temática?
Irene: Importantíssimo. O que a mídia veicula é o que as pessoas ouvem, veem e leem. Infelizmente, existe um despreparo da parte dos meios de comunicação ao lidar com o tema, e isso acaba por prejudicar o debate. A mídia deveria oferecer retratos mais humanizados para se promover a busca de soluções.
Fonte: PUC-Urgente