O Reitor da Unicap (Universidade Católica de Pernambuco), Padre Pedro Rubens, participou como debatedor no último dia 25 do sarau Religiosidade e Cultura. O evento fez parte da programação da 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está sendo realizada no campus da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
O sarau foi promovido pela deputada federal Luciana Santos (PC do B), presidente da comissão parlamentar de cultura. Entre os debatedores estavam o pastor Paulo César, da Igreja Batista dos Bultrins, Olinda; o pesquisador e músico Silvério Pessoa; e o pai de santo Ivon Doyâ Egum, do terreiro do bairro de Santa Tereza, em Olinda.
O sarau teve por objetivo mostrar a importância das religiões na construção da cultura de paz. ”Nossas diferenças não são motivos de guerra, de brigas ou de intolerância, mas sim uma questão de identidade”, disse Padre Pedro. Ele falou ainda sobre as iniciativas da Unicap que estimulam esse diálogo entre as religiões, a exemplo do Fórum Interreligioso “que dá vez e voz às mais variadas manifestações”. A explanação do Reitor foi baseada em sua tese Rosto Plural da Fé, que entre outros aspectos faz uma análise dos movimentos de Renovação Carismática da Igreja Católica e Neopetencostais.
Segundo Padre Pedro, a sociedade contemporânea vive uma crise de representatividade. “Os protestos no Brasil são exemplo dessa crise. Vamos ter que reconstruir a política, a família e nossas religiões a partir de representações legítimas”. Ainda de acordo com ele, essa revisão de valores vem sendo buscada pela Igreja Católica já há algum tempo através de documentos históricos. “O texto Diálogo e Missão (1984) reconhece que os missionários compactuaram com impérios, escravidão e impondo culturas. Depois veio Diálogos e Anúncio (1991), uma conversa com as ciências humanas e antropologia. Religião, política e cultura estão interligadas”, explicou.
Padre Pedro expôs conceitos de níveis e formas de diálogos. O primeiro e, na visão dele, o mais primordial deve ser o da vida, não o religioso. Em seguida, o de atos e obras, “é preciso ter coerência entre o agir e o que produzimos”. O terceiro seria o nível das ideias, “Elas podem até conflitar, mas só depois do consenso em questões vitais”; e por último, a experiência religiosa. “Algo íntimo e único. Quando alguém sobe o Morro da Conceição de joelhos pode parecer exagero para uns, mas para quem o faz representa muito, tem significado forte que só ele é capaz de conceber, de sentir”.
Fonte: Unicap