A Rede Jesuíta de Justiça Socioambiental (RJSA) passou por mudanças significativas no segundo semestre de 2024. Sob a coordenação do Pe. Jean Fábio Santana, SJ, secretário para a justiça socioambiental da Província dos Jesuítas do Brasil, o processo teve como foco tornar a gestão mais eficiente, ampliar a participação coletiva nas decisões e qualificar os processos internos. 

Entre as medidas já implementadas estão a elaboração do novo orçamento, a criação de espaços de articulação entre os mobilizadores de recursos e o desenvolvimento de fluxos conjuntos de trabalho. Também merecem destaque a implantação do Fundo para o Apostolado Socioambiental, as visitas de acompanhamento virtual e presencial às obras da RJSA, além da aproximação com a Administração Provincial.

O que é uma rede jesuíta? 

Segundo documento recente da Rede Global de Incidência Inaciana (Gian) aprovado pelo Superior Geral da Companhia de Jesus, Pe. Arturo Sosa, SJ, uma rede jesuíta é um modo de proceder apostólico que permite uma melhor colaboração a serviço da missão universal da Companhia de Jesus. 

O texto Nosso modo de proceder, de 15 de setembro de 2025, estabelece que “por meio de diversas formas de articulação e colaboração, indivíduos e instituições atuam como um organismo global e interdisciplinar (sujeitos coletivos) aberto a um novo nível de atuação, permitindo-lhes alcançar metas que transcendem seus objetivos ou capacidades particulares.”  

Equipe de apoio 

Para dar suporte técnico e operacional ao secretário da Rede Jesuíta de Justiça Socioambiental (RJSA), foi estruturada uma equipe de apoio composta por Tatiane Sant’Ana, coordenadora de ação social da Província BRA, Kássia Sirlene Oliveira, assistente administrativa do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (Olma), e Pe. Jerfferson Amorim de Souza, SJ, assessor de relações institucionais do Serviço Jesuíta aos Migrantes e Refugiados (SJMR). 

A equipe atua como instância articuladora nacional, cuidando das relações com as instâncias da Província, atendendo às necessidades das obras, estabelecendo melhores práticas para fluxos e metodologias, pensando atividades, auxiliando no monitoramento do planejamento e sua implementação, acompanhando a elaboração orçamentária, sistematizando as informações e assessorando o secretário na tomada de decisões. 

Comissão de Promoção da Justiça Socioambiental 

Também foi criada pelo provincial dos jesuítas do Brasil, Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ, conforme Carta Circular 2024/09 de 30 de outubro de 2024, a Comissão de Promoção da Justiça Socioambiental, integrada por 10 pessoas que representam diferentes obras da RJSA.  

A comissão reúne dois representantes dos centros sociais, um representante do Serviço Jesuíta aos Migrantes e Refugiados (SJMR), um representante da coordenação de ação social da Província BRA, dois representantes da Fundação Fé e Alegria, dois representantes da missão indigenista, além do secretário da Rede e um representante da equipe de apoio. 

Esta estrutura garante que as diferentes obras tenham voz ativa nas diretrizes e decisões da RJSA, promovendo uma gestão verdadeiramente participativa e representativa da diversidade da Rede. 

Planejamento Estratégico 2024-2029 

A reestruturação tem como base um planejamento estratégico estruturado em cinco eixos principais: quatro baseados nas preferências apostólicas da Companhia de Jesus e um eixo dedicado à gestão da RJSA que inclui o mapeamento das estruturas atuais, a identificação de oportunidades de reconfiguração e a avaliação e aprimoramento constante das dinâmicas internas. 

Entre os avanços já implementados estão a criação da comissão de justiça socioambiental, a entrega da política antirracista ao provincial do Brasil, o fortalecimento do trabalho com comunicação e mobilização de recursos, e a criação do Fundo para o Apostolado Socioambiental. 

Gestão compartilhada de recursos 

A RJSA implementou um modelo de gestão financeira baseado na responsabilidade coletiva, com destaque para a elaboração de um orçamento como instrumento fundamental para a gestão compartilhada dos recursos da Rede. 

“A importância do instrumento de orçamento para a gestão dos recursos que a Província confia a esta Rede é fundamental para o trabalho de promoção da justiça socioambiental”, explica o secretário, Pe. Jean Fábio Santana, SJ. “A visão de conjunto como Rede possibilita a troca de boas práticas, o compartilhamento de experiências, documentos e ferramentas de trabalho, além de uma atenção às urgências e mobilização de recursos intrarrede para atender às necessidades que se impõem.” 

Compromisso com a missão 

Segundo o Pe. Jerfferson Amorim de Souza, SJ, que integra a equipe de apoio, o funcionamento de uma rede como a RJSA exige o trabalho de pessoas que se dediquem ao acompanhamento e implementação do planejamento. Sem uma equipe de apoio, o trabalho se precariza e fica inviável implementar um planejamento adequado. É necessário criar uma consciência de que estruturar a gestão e dar passos no aprimoramento das atividades requer tempo e pessoas, o que redunda necessariamente em investimento. 

“É importante criar uma cultura na qual se reconhece que realizar o trabalho socioambiental implica assumi-lo com seriedade”, destaca Pe. Jerfferson. “É preciso assumir o compromisso com os pobres e com o planeta, não tratando o apostolado socioambiental como uma missão que pode ser feita de qualquer jeito e sem os recursos devidos”, complementa. 

É consenso que a promoção da justiça socioambiental é tarefa de todas as obras da Companhia de Jesus, e esse compromisso torna-se evidente na forma como o corpo apostólico assume coletivamente essa missão por meio das obras que se dedicam explicitamente a este apostolado.