Em conjunção com as Preferências Apostólicas Universais da Companhia de Jesus e com a realização do Sínodo para a Amazônia, o Programa MAGIS Brasil, ação apostólica da Companhia de Jesus com os jovens, apresenta a campanha Ser Mais Amazônia. Contando com uma série de eventos, atividades, estudos e engajamentos, a campanha é planejada para contribuir na formação social, cultural, religiosa e cidadã dos participantes.
Anualmente, a escolha de um tema comum norteia diversas atividades no país. A realização de diversas ações e projetos tem como base os eixos que estruturam o Programa e compõem sua agenda de trabalho junto aos jovens. São eles: Exercícios Espirituais; Justiça Socioambiental; Pedagogia da Formação; Vocações; Voluntariado e Inserção Sociocultural. Ser Mais Livre (2019) e Ser Mais Consciente (2018) foram as campanhas mais recentes do MAGIS.
Ir. Davidson Braga, diretor do Centro MAGIS Amazônia, explicou a razão para que cada período tenha uma orientação diferente na inspiração dos trabalhos: “O Programa MAGIS envolve diferentes realidades e aproximações juvenis pelo país. Queremos, cada vez mais, respeitar estas singularidades. Ao mesmo tempo, queremos pautar alguns temas que são importantes tanto para a Igreja quanto para a sociedade. A ideia de lançar uma campanha nacional com diferentes temas, além de colaborar na unidade (diferentes olhares, singularidades e atuações sobre um mesmo tema), ajuda também a implementar os cinco eixos do Programa”.
De acordo com Ir. Davidson, entre os objetivos deste ano está o reforço de documentos da Companhia de Jesus que pedem o “dar a conhecer a Amazônia”, como, por exemplo, o Plano Apostólico da Província dos Jesuítas do Brasil e o Relatório da Justiça Socioambiental. Ele também destacou como propósitos das ações a difusão dos resultados do Sínodo para a Amazônia, o fortalecimento das iniciativas de diferentes redes da Companhia como a Rede Jesuíta de Educação (RJE) e o Observatório Luciano Mendes de Almeida (OLMA), além da esperança de que “os jovens sejam cada vez mais conscientes, competentes, compassivos e comprometidos com a Casa Comum”.
A campanha objetiva uma audiência mais abrangente do que o do Programa. “O Programa MAGIS Brasil tem como público-alvo pessoas de 15 a 32 anos. Nós, jesuítas, ampliamos a faixa etária juvenil em comparação com outras classificações. Já a Campanha Ser Mais Amazônia tem um público maior. Além dos jovens que são público do Programa, a Campanha está direcionada também a parceiros e colaboradores, pessoas e instituições”, esclareceu Ir. Davidson.
Três segmentos de público foram definidos: o público geral (obras da Província dos Jesuítas do Brasil, congregações religiosas afins e dioceses, como o setor Juventude e outras pastorais), o público multiplicador (jovens que acompanham as atividades e propostas do MAGIS em todo o país) e o público motivador (jovens, jesuítas e corpo de funcionários que atuam nos Centros e Espaços MAGIS).
A Campanha ainda está em construção e terá ajustes sendo conduzidos ao longo do ano. Entre as influências principais para sua elaboração, foram citadas pelo coordenador do MAGIS Amazônia a própria relação da Companhia de Jesus com jovens e os fatos ocorridos e desdobramentos do Sínodo Para a Amazônia. Além dos anteriormente mencionados, ele também citou a Encíclica Laudato Si, o documento final e o Instrumentum Laboris do Sínodo para Amazônia.
O principal desafio para o sucesso da campanha é o engajamento dos jovens. Com a intenção de dialogar melhor com seu público-alvo e facilitar a disseminação das mensagens, o MAGIS disponibiliza partes importantes da campanha por meios digitais. Seus documentos e subsídios estão disponíveis on-line, assim como textos, vídeos e músicas. Porém, Ir. Davidson alerta que o coração da campanha está “no engajamento da vida, com mudanças concretas em práticas e posturas”. O jesuíta explicou que, para favorecer o engajamento, a campanha foi pensada em três dimensões que vão se aprofundando com o tempo: conhecer, amar e servir.
A Campanha deste ano reafirma o compromisso assumido no eixo Justiça Socioambiental do MAGIS Brasil que se propõe a construir, junto aos jovens, novas formas de se relacionar com o ambiente e mudanças de práticas pessoais e institucionais em favor da Casa Comum. De acordo com o texto de apresentação da campanha, os idealizadores avaliam que o momento convoca todos a voltarem seus olhares para a realidade amazônica, como oportunidade de viver uma conversão ecológica integral.
O subsídio da campanha também nos conta que o “entusiasmo ao propor Ser Mais Amazônia como tema para a Campanha anual do Programa MAGIS cresce, também, pela convicção de que jovens são o ponto de emergência de uma nova cultura ecológica, que concilia proteção ambiental e justiça social, como elementos para o desenvolvimento sustentável”.
O texto continua reforçando a pluralidade de olhares e vivências presentes no território amazônico: “A Campanha Ser Mais Amazônia propõe que nos voltemos à multiétnica, multicultural e multirreligiosa (DAP, 86) realidade amazônica, ameaçada pela destruição e exploração ambiental e pela violação de direitos de sua população. Queremos, como jovens e com jovens, ‘aprender, dialogar e responder com esperança e alegria aos sinais dos tempos junto aos povos da Amazônia’ (ILSA, 34) e incentivar relações mais justas, de comunhão e de cuidado com as pessoas, com a sociedade e com a natureza”.
No fim do mês de abril, foi lançado o hino da campanha, composto por , representantes do Centro MAGIS Amazônia e dos Espaços MAGIS Manaus (AM) e Santarém (PA). Na música, composta entre os dias 28 de fevereiro e 1º de março deste ano, a presença de Deus aparece ligada aos frutos dados pelo solo amazônico, aos elementos típicos da região e aos rituais e hábitos cotidianos dos diferentes povos da região. Pescadores, ribeirinhos e indígenas também aparecem nesta exaltação à miscigenação.
Campanha em tempos de covid-19
Você, leitor, pode ter se perguntado: o que muda na programação da campanha, diante da pandemia da covid-19? Conversamos com Ir. Davidson Braga, diretor do Centro MAGIS Amazônia, a respeito do assunto:
O cotidiano das pessoas em todo o mundo mudou bruscamente. Nós também estamos nos adaptando a essa realidade. Um ponto que nos ajuda é que a campanha foi pensada de modo muito aberto, incluindo os eventos que podem ocorrer durante sua realização. Além disso, a primeira parte da campanha é virtual. Assim, ela facilmente se adapta a essa realidade. Estamos produzindo e divulgando os materiais previstos na dimensão CONHECER. Agora, em abril, publicamos o videoclipe Querida Amazônia, uma espécie de hino da Campanha. Outros materiais previstos estão em produção, como o podcast Ser Mais Amazônia (previsto para a plataforma Spotify a partir de maio), o Guia Inspirador do Eixo Justiça Socioambiental e a Semana Mundial do Meio Ambiente. O que sofre mudanças significativas é a dimensão AMAR. Estamos revendo as experiências de imersão em comunidades tradicionais propostas durante a campanha. Não realizaremos mais no mês de julho, como nos havíamos proposto. Estamos estudando e aguardando mais informações e o estabelecimento das novas rotinas para definir quando e como essas experiências poderão acontecer. Aqui, visamos, sobretudo, ao cuidado dessas comunidades, que são desprovidas de serviços de saúde básica.
Vocês estão aproveitando este tempo de distanciamento social e mudanças de hábitos para desenvolver atividades e ações que alcancem os objetivos da campanha?
Neste tempo de distanciamento, estamos nos dedicando a aperfeiçoar a dimensão Conhecer da campanha. Intensa pesquisa e produção intelectual têm nos ocupado bastante. Seguimos todas as orientações de segurança e nos antecipamos em algumas delas. Sem alarmismos e posturas extremadas, estamos lidando com a situação. O que sentimos, sem dúvida, é a falta de rodas de conversa, tardes de espiritualidade e outras atividades em que interagimos diretamente com jovens. O abraço, os olhares e outros gestos espontâneos que nos ajudam a aprender estão fazendo falta. Mas sabemos que isso é temporário e que logo teremos nossos espaços e atividades funcionando normalmente. Estamos nos preparando para essa volta.
O Papa, na homilia da bênção Urbe et orbi, disse que estamos doentes porque o planeta está doente. Como a campanha, especialmente os jovens, podem ajudar a curar este mundo ferido?
De fato, o planeta está doente há muito tempo. Curar este mundo ferido é desejo dos jesuítas há muitos anos. Vamos caminhando juntos com tantos outros servidores de Cristo nessa direção. Ser Mais Amazônia é apenas mais uma ajuda. Temos plena consciência de que a campanha funciona como uma gota no oceano, mas essa gota é importante. Como diz a parábola, sem essa gota o oceano seria menor. Os jovens podem ajudar a curar o mundo ferido amando mais, respeitando mais, preservando mais, cuidando mais, sendo mais justos e mais solidários. Para isso, o convite é reafirmado: precisamos ser mais Amazônia.