O Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR Brasil) completou um ano de atendimentos na Paróquia Cristo Redentor, em São Sebastião (DF). Desde o início das atividades, migrantes e refugiados têm sido acolhidos e orientados em temas como regularização documental, inserção no mercado de trabalho e integração comunitária.
O escritório nacional firmou parcerias essenciais com a Paróquia Cristo Redentor, a Universidade de Brasília (UnB) e o Centro Universitário de Brasília (Ceub), por meio do Projeto de Extensão Balcão do Refugiado. Os atendimentos incluem elaboração de currículos e carteiras de trabalho, orientação para entrevistas, encaminhamento para vagas, solicitação e renovação de refúgio, além de orientações jurídicas gerais.
Carmen, venezuelana do grupo de bordado de mulheres migrantes, compartilhou sua experiência com gratidão: “Estou muito agradecida, foram muito atenciosos comigo aqui em Brasília. Temos bordado às quintas, participo de feiras que são muito boas e produtivas. Além disso, me ajudaram a conseguir meu benefício por idade, vou recebê-lo este mês” contou.
As ações comunitárias, como o grupo de bordado, são parte essencial do projeto, como destaca a professora Raquel Marinucci, do curso de Relações Internacionais do Ceub: “A experiência das atividades de extensão no Centro tem sido muito enriquecedora para mim e os estudantes. Inicialmente, nossa ideia era atuar na promoção dos meios de vida, mas acabamos ampliando para a proteção, além de criar uma rede de apoio para os que buscam acesso a equipamentos públicos, como agendamento de consultas, por exemplo.” ressaltou. Ela conta que o grupo de mulheres surgiu a partir da escuta das demandas da comunidade: “Formamos um grupo de quinze mulheres que se reúne semanalmente. O bordado tem gerado renda, fortalecido laços e nos permitido entender melhor as necessidades das famílias.” concluiu.
Essa escuta sensível também marcou a trajetória de Sarah, extensionista do Ceub e filha de refugiados sírios, que encontrou no Balcão do Refugiado um lugar de reconexão com sua própria história. Ela lembra com emoção o primeiro atendimento que realizou em São Sebastião: “Nunca vou me esquecer do meu primeiro atendimento. Prestei orientação para proteção documental a um senhor que havia chegado ao Brasil há apenas três dias. Ele estava visivelmente cansado e ainda tentando entender onde estava. Ali, naquele momento, solicitei o pedido de refúgio dele. Foi um gesto simples, mas carregado de significado. Ver o alívio e a esperança em seu olhar me fez perceber, mais uma vez, o poder da escuta, da empatia e da informação correta.”
Ao longo desse primeiro ano de atuação em São Sebastião, o trabalho conjunto entre o SJMR, a Paróquia Cristo Redentor, as universidades parceiras e a comunidade têm construído pontes de acolhimento, escuta e transformação. Para Flávia Reis, diretora nacional do SJMR, a presença no território reafirma o compromisso com a missão institucional e com as pessoas migrantes, que compõem parte significativa da população local. “Em um território onde o acolhimento e a proteção exigem mais do que presença formal, o trabalho em rede e a escuta sensível tornam-se fundamentais”, destaca. O Pe. Jerfferson Amorim, SJ, responsável pelas Relações Institucionais do SJMR, reforça que o Centro de Atendimento é um projeto piloto que une diferentes instituições em torno de um objetivo comum. “Quando essas instituições se unem, colocam suas capacidades a serviço das pessoas e criam solidariedade a partir das margens”, afirma. Ambos ressaltam que as parcerias com Ceub e UnB têm sido fundamentais não apenas para qualificar os atendimentos, mas também para formar uma nova geração comprometida com os direitos humanos. “O espaço da paróquia ganha vida a cada tarde de terça-feira: a vida dos alunos e alunas, das professoras, das pessoas migrantes e refugiadas, e também a nossa, se entrelaçam”, completou.
Fonte: SJMR Brasil




