Reitores de diversas universidades estiveram na Unicap (Universidade Católica de Pernambuco) para participar da 20ª Assembleia Geral Ordinária da Associação de Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina (AUSJAL). Dentre os temas abordados estavam a designação das comissões eleitorais e de revisão de contas, a colaboração intersetorial, as prioridades e as propostas de projetos comuns. Para padre Fernando Fernández, presidente da AUSJAL, “é um momento muito importante para avaliar o que foi realizado e para lançar as bases do planejamento seguinte que deverá ser de 2018 a 2023”.
No encontro, realizado no dia 16 de maio, participaram também representantes da CPAL (Conferência de Províncias da América Latina e o Caribe), da Federação Internacional Fé e Alegria, da FLACSI (Federação Latino-americana de Colégios da Companhia de Jesus), da Associação de Faculdades e Universidades Jesuítas dos Estados Unidos e o secretário para a Educação Superior da Companhia de Jesus, padre Michael Garanzini.
“A importância da AUSJAL para a América Latina é uma oportunidade para todas as universidades jesuítas se unirem para pensarem juntas sobre o que elas têm em comum, como poderiam se ajudar, avançar no trabalho dentro de cada universidade e pensar com o resto do globo, tornando-se parte de um sistema de educação global e universal”, comentou Pe. Garanzini.
Para Stephan Privett, presidente da Associação das Faculdades e Universidades Jesuítas dos EUA, ainda existem oportunidades a serem exploradas dentro da AUSJAL. Dentre elas, a mais importante talvez seja a criação de uma rede de esforço colaborativo “por parte das trinta instituições jesuítas para resolver problemas que são comuns em toda a América Latina”. Segundo ele, seria uma imensa canalização de energia para resolver os problemas reais que assolam o continente.
“No contexto em que estamos, tem uma vocação especial de fecundar, de se colocar em rede com outras redes: a rede social, a rede de imigrantes, a rede de espiritualidade, a rede de paróquias, as outras redes de educação”, comentou padre Roberto Jaramillo, presidente da CPAL.
Um dos brasileiros presentes no encontro, padre Carlos Fritzen, coordenador da Federação Internacional Fé e Alegria, defendeu a ideia de que é possível constituir um corpo muito mais forte, com todas as potencialidades das três redes – AUSJAL, FLACSI e Fé e Alegria Internacional – em conjunto também com o setor social. “Ver como podemos articular mais nossas presenças, mas também nossa incidência conjunta.”
Uma roda de diálogos sobre América Latina contou com a participação dos reitores da AUSJAL e dos coordenadores de curso da Unicap. Os reitores fizeram panoramas sociopolíticos de seus países e abordaram as dificuldades encontradas em seus cotidianos.
O reitor da Universidad Iberoamericana Ciudad de Mexico (México), padre David Fernández Dávalos, foi um dos que relataram os desafios de seu país. “O narcotráfico é um problema enraizado na sociedade mexicana, culminando na morte de inúmeros cidadãos anualmente.” Em 2016, dados do Ministério do Governo indicaram a morte de mais de 127 jornalistas no país, relacionados à investigação jornalística contra o tráfico de drogas. “Quando eles matam um jornalista, não matam apenas o jornalista, mas sim uma considerável parcela da sociedade, privada de exercer e gerar a sua opinião acerca dos fatos”, ponderou.
Sobre a Venezuela, padre José Virtuoso, reitor da Universidad Católica Andrés Bello, contou que “a estabilidade política venezuelana andou lado a lado com a estabilidade econômica até meados de 2013 [durante o governo de Hugo Chávez], quando o preço de exportação do barril de petróleo se manteve em torno de 100 dólares”. Mas, foi após a queda do preço do barril, chegando a quase 40 dólares, que a estabilidade política e econômica do país começou a cair. Atualmente, a Venezuela possui mais de 82% de sua população vivendo na linha da pobreza, impulsionada com a forte recessão econômica enfrentada pelo país.
“A América Central é uma região muito pobre, com muitos desafios em nível político, social e econômico e onde o acesso à educação continua sendo limitado especialmente o acesso à educação superior”, ponderou Andreu Oliva, reitor da Universidad Simeón Cañas (El Salvador). “O desafio das universidades confiadas à Companhia de Jesus na América Central é trabalhar a partir da pesquisa e da reflexão para poder propor novos modelos de sociedade, novos modelos de desenvolvimento que não sejam exclusivos como o que temos hoje, mas que sejam inclusivos e permitam que a maioria da população possa gozar das mesmas oportunidades.”
A Amazônia foi outro ponto importante nas discussões da AUSJAL, como explica o padre Alfredo Ferro Medina, coordenador do Projeto Panamazônico da CPAL. “Na Amazônia, existem nove países, desses temos onze universidades ou centros de estudos superiores confiados à Companhia de Jesus.” É necessário tratar da problemática amazônica, seus desafios e a aproximação dos estudantes com o tema dentro das universidades.
Padre Pedro Gomez, pró-reitor acadêmico da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), concluiu: “a partir da nossa realidade, da nossa riqueza, da nossa especificidade, que nós possamos contribuir para que essa rede de universidades jesuítas na América Latina se firme cada vez mais e traga para nossos países a visão e o específico de ser universidade jesuíta.”
Fonte: Unicap (Recife/PE)