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V – E agora… com Espírito e coração

Olhando o futuro

As pessoas perguntam-me “como está? ” e eu respondo sempre que estou tranquilo. Estou convencido de que não há Companhia se não é “de Jesus”. E isso tem duas vertentes: por um lado, não haverá Companhia se não houver união íntima com o Senhor. Por outro lado, se é verdadeiramente d’Ele, confiamos que nos ajudará a cuidar dela. Creio que esta centralidade é uma das nossas chaves: se a pessoa de Jesus Cristo não está diante de nós, dentro de nós e conosco todos os dias, a Companhia não tem razão de ser.

Uma consequência desta intuição é a certeza de que se trata da “sua” missão, a missão que partilhamos, entre nós e com todos os outros com quem vamos, é a missão de Jesus. Por isso, há dois temas que me parecem fundamentais e que abordei na homilia da Eucaristia de Ação de Graças: a colaboração e a interculturalidade.

A ênfase na colaboração não é uma consequência de que sozinhos não podemos, é que não queremos. A Companhia de Jesus não tem sentido sem a colaboração com outros. Nisso somos chamados a uma grande conversão, pois, em muitos lugares, ainda vivemos na nostalgia de quando fazíamos tudo e, agora, não temos outro remédio senão partilhar a missão. Acredito, profundamente, que é ao contrário, que a nossa vida é colaborar com outros.

O outro é a multiculturalidade/interculturalidade, pois assim é o Evangelho. O Evangelho é um apelo à conversão de todas as culturas para protegê-las como culturas e levá-las a Deus. O verdadeiro rosto de Deus é multicolor, multicultural e multivariado. Deus não é um Deus homogêneo. Pelo contrário. A criação mostra-nos, em todo o lado, a diversidade, como se complementam umas coisas com outras. Se a Companhia conseguir ser imagem disso, estará ela mesma sendo expressão do rosto de Deus.

“Podemos encontrar jesuítas, verdadeiros jesuítas, em qualquer lado, de qualquer cor, em qualquer atividade. Creio que há aqui um sinal da Igreja para o mundo. Na nossa diversidade, une-nos o vínculo com Jesus e o Evangelho e disso surge a criatividade da Companhia de Jesus e das pessoas com quem partilhamos a missão. “

Creio que, depois do Concílio, a Companhia conseguiu essa variedade cultural. Conseguimos ganhar raízes em todas as partes do mundo e de todas surgem vocações autênticas. Podemos encontrar jesuítas, verdadeiros jesuítas, em qualquer lado, de qualquer cor, em qualquer atividade. Creio que há aqui um sinal da Igreja para o mundo. Na nossa diversidade, une-nos o vínculo com Jesus e o Evangelho e disso surge a criatividade da Companhia de Jesus e das pessoas com quem partilhamos a missão. É incrível como são capazes de dar um toque próprio à mesma mensagem, que é mensagem para todos.

Conclusão

Tenho grande esperança de que esta congregação ajude a Companhia de Jesus e o Geral recém-eleito a ver com clareza para onde devemos caminhar e como. A Companhia de Jesus não tem muitas dúvidas sobre qual é a sua missão, pois aquilo que a 32ª CG formulou e reformularam as congregações seguintes já se fez vida entre nós. Podemos dizer que já sabemos o que podemos oferecer à Igreja. Agora, o grande desafio da Companhia de Jesus é como nos organizarmos para sermos eficazes nessa missão. Por isso, introduz o tema da profundidade intelectual, porque não é uma questão de copiar modelos, mas sim de criar. Criar significa entender. A criação é um processo intelectual muito árduo. Entender o que se passa no mundo de hoje, na Igreja de hoje, poder entender a fé. Isso é o que nos pode dar as chaves para centrar a missão naquilo que já percebemos ser um amplo consenso e encontrar os modos mais eficazes para o realizar.

A minha impressão é que a Companhia está bem viva e que há muitos processos em andamento. Temos de centrar-nos naquilo que fazemos, temos de confiar, sabendo que podemos plantar, mas não sabemos como crescerão as sementes. Isso sabe-o Deus. Ele é quem trabalha, o essencial é ajudar, não estorvar. A nossa paixão nasce da certeza de que acompanhamos as pessoas com a garantia de que Deus está conosco, precedendo-nos!

 

Tradução de Espanhol: Nelson Faria, SJ

Revisão: Elias Couto e Pe. António Valério, SJ

Edição brasileira: Núcleo de Comunicação BRA

 

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