Há 30 anos, morria o irmão Vicente Cañas brutalmente martirizado, em Mato Grosso, por defender a vida e o território dos índios Enawenê Nawê, no noroeste do estado. O jesuíta estava no barraco de apoio que construiu junto ao rio Juruena, a 60 km da aldeia dos Enawenê Nawê, quando fez seu último contato por rádio com os companheiros em Cuiabá (MT), em 5 de abril de 1987. Comentou que pensava subir para a aldeia no dia seguinte. Assim, acredita-se que o assassinato tenha acontecido na manhã do dia 6 ou 7 de abril de 1987. Seu corpo foi encontrado mumificado 40 dias depois, no dia 16 de maio, junto ao seu barraco.
Além do trabalho com os índios Enawenê Nawê, irmão Vicente Cañas também atuou junto a outras tribos indígenas. O jesuíta escreveu um diário de grande valor antropológico com cerca de três mil páginas. No documento, ele relata suas experiências diárias, sua comunhão profunda com os Enawenê e, também, as ameaças de morte que recebia. Anotava tudo: a finalidade de cada parte do habitat tradicional Enawenê, as invasões do território, até o que acontecia nas cabeceiras do rio Juruena, na mata e na aldeia desse povo que vivia de forma harmoniosa.
O irmão Vicente Cañas nasceu em Albacete (Espanha), em 23 de outubro de 1939. Em 1961, com 21 anos de idade, ingressou no noviciado São Pedro Claver da Companhia de Jesus em Raimat, Barcelona (Espanha). Desembarcou no Rio de Janeiro (Brasil), em janeiro de 1966.
Fonte: texto do Pe. Juan Fernando López Pérez, SJ, publicado no informativo Em Companhia (26ª Ed. Julho/2016).