Em julho, encerrou-se o primeiro semestre do Projeto de Aproximação e Escuta dos jovens da Ilha do Marajó, no Pará. Realizado pelo Centro MAGIS Amazônia, o projeto é um primeiro passo para ampliar o serviço à juventude para as mais diversas expressões juvenis do Brasil. O objetivo da iniciativa é mapear a diversidade de manifestações e expressões juvenis no ato da aproximação, além de acompanhar, na medida do possível, as singularidades das juventudes na Amazônia.
Para o início dessa aproximação foram escolhidas as comunidades Santana do Arari e Aranaí, pertencentes aos municípios de Ponta de Pedras e Cachoeira do Arari. O primeiro contato com estas comunidades aconteceu na Semana Santa Jovem, promovida pelo Centro MAGIS Amazônia, em março.
Em abril, para dar início à primeira fase do projeto, ou seja, o processo de aproximação, três colaboradores visitaram as comunidades apresentando o Programa MAGIS Brasil, assim como a espiritualidade Inaciana e a promoção da justiça socioambiental. A partir de uma dinâmica de acolhimento da comunidade, o Centro MAGIS Amazônia promoveu atividades eclesiais e culturais no anseio de criar pontes de escuta para as vozes juvenis que ali estavam.
No final dessa primeira fase, criou-se um cronograma de atividades a serem promovidas pelo Centro MAGIS mensalmente nas duas comunidades, a programação foi construída a partir do apelo e das necessidades das comunidades e, principalmente, das juventudes. Dentre as atividades propostas estavam palestras de conscientização, oficinas culturais, lucernários, artesanato e auxílio nas atividades da comunidade, até mesmo para realizar festividades comunitárias e celebrações.
“Recomendo a todos vivenciarem essa experiência”
Otávio Tocantins, 30 anos
A presença do Centro MAGIS Amazônia só foi possível a partir do voluntariado de jovens que, todo mês, se propunham a ir e promover as atividades de aproximação nas comunidades ribeirinhas. O jovem Otávio Tocantins, 30 anos, foi um deles. Ele esteve presente na comunidade de Aranaí, em Cachoeira do Arari, e relata sua experiência de acolhimento da comunidade e as percepções acerca da dinâmica vivida em grupo. “Percebi que é um povo muito católico, que tem uma fé muito pura e simples, sem muitos artifícios. Donos de uma realidade própria. Esses estímulos que vivenciamos todo dia no meio urbano não existem lá. A gente percebe que eles têm um senso de tempo menos urgente do que o nosso da cidade. São pessoas simples de coração puro que são extremamente acolhedoras, um povo alegre que vive em constante contato com a natureza. Eles têm muito a ensinar a quem vem de fora, primeiro pelos braços que acolhem e também no conhecer a si mesmo, a dar valor no lugar em que se vive. Recomendo a todos vivenciarem essa experiência”, conta o arquiteto, colaborador do Centro MAGIS Amazônia.
Os voluntários foram postos em confronto com as suas próprias realidades e puderam analisar o perfil da juventude daquela área, de forma a compreender de quais maneiras o Projeto poderia repercutir de forma positiva para aquela comunidade. Assim, então, iniciou-se a segunda fase do projeto: a escuta.
Nesta etapa, houve a aplicação de questionários que se dividiram em questões socioeconômicas, de identificação das realidades juvenis, juventude e religião, juventude e política, juventude e sexualidade, juventude e violência e juventude e consumo. Por meio deste questionário foi possível traçar um perfil das juventudes que vivenciaram a primeira etapa do Projeto. A jovem Alicia Pereira, de 19 anos, que fez parte da equipe responsável pela aproximação com o Marajó, fala sobre esta etapa de escuta. “Aplicamos os questionários nas comunidades para entender um outro lado desses jovens. Nós estivemos com eles, vivenciamos, nos inserimos e, agora, queremos saber deles o que não tiveram coragem de nos dizer pessoalmente. Para podermos entender o que de fato a juventude da Amazônia produz, consome e quais os reais desejos dessas vozes”, explica.
Diante da pluralidade de realidades e contextos na Amazônia, principalmente frente as várias faces das juventudes presentes na região, conhecer de perto cada rosto e cada anseio juvenil (aproximação) foi fundamental para conseguir, assim, o mapeamento (escuta) com os perfis de todos e todas que estiveram presentes ao longo do Projeto. Nesse sentido, o Centro MAGIS Amazônia, partindo das diretrizes do Programa MAGIS Brasil, tem o desejo de continuar o acompanhamento com estas juventudes, realizando formações, proporcionando vivências e auxiliando-as na construção de um projeto de vida, de modo que as mesmas possam cada vez mais incidir em suas realidades, promovendo a justiça socioambiental.
Fonte: Centro MAGIS Amazônia