Neste 05 de setembro, celebramos o Dia da Amazônia com o objetivo de ressaltar a importância desse ecossistema de riqueza biológica inigualável e vital para o equilíbrio climático do planeta. Queremos celebrar não apenas uma ideia distante de Amazônia, com a qual não nos comprometemos, mas o dom cotidiano de Deus, presente além da fauna, da floresta e das águas. Celebramos a Amazônia de seus povos, suas culturas, tradições, saberes e sabores. A Amazônia como lugar teológico que nos interpela a colaborar no cuidado da criação.
Já na década de 70 o Papa Paulo VI nos ajudava a perceber que Cristo aponta para a Amazônia. Nos últimos anos, o Papa Francisco resgatou esta mensagem e tem nos inspirado bastante a uma ação coletiva urgente para amar e cuidar da Amazônia e todas as formas de vida que dela dependem. De igual forma, a Companhia de Jesus, por meio de sua quarta Preferência Apostólica Universal, nos impele a colaborar no cuidado da Casa Comum.
De tal sorte, a nossa presença apostólica na Amazônia e a presença da Amazônia em todas as demais ações apostólicas da Companhia de Jesus precisam fortalecer práticas sustentáveis que promovam uma economia pautada pela justiça socioambiental e que respeitem os limites ecológicos. Colaboremos no cuidado e defesa das comunidades locais, que sofrem com os impactos.
Por isso, além de celebrar, o dia da Amazônia nos convida à reflexão e à ação diante dos desafios graves que nos ameaçam. Desmatamento, secas extremas e queimadas intensas, que causam fumaça e sufocam comunidades e ecossistemas, são a face mais visível de uma crise socioambiental em curso há alguns anos e estudos recentes alertam para o risco iminente de colapso da floresta amazônica. Segundo pesquisa publicada em fevereiro deste ano na revista Nature, quase metade da Amazônia pode estar exposta a fatores de degradação, que, se não controlados, levarão a um ponto de não retorno até 2050. Isso significa que o ecossistema amazônico, que regula o clima e abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, corre o risco de se transformar em uma savana, com impactos irreversíveis no equilíbrio climático global.
Neste contexto, a nossa vida-missão deve ser cada vez mais comprometida no enfrentamento ao desmatamento ilegal e às queimadas que destroem hectares de floresta; à degradação dos direitos dos povos originários, particularmente os indígenas, primeiros e mais legítimos guardiões da floresta; à exploração desenfreada dos recursos naturais que coloca em risco a sustentabilidade da vida na Terra. Precisamos mais do que nunca de uma profunda e verdadeira conversão à ecologia integral.
Neste Dia da Amazônia, a Província dos Jesuítas do Brasil e, nela, a Preferência Apostólica Amazônia (Paam), reafirmam seu compromisso com a preservação deste bioma, com o cuidado dos mais vulneráveis e com a construção de uma sociedade que entenda que a Amazônia é mais do que um tesouro nacional – é um bem global, vital para o futuro da humanidade.
Que este seja um momento de renovação de nossa consciência ecológica e de mobilização por um planeta mais justo e sustentável. A Amazônia precisa de nós, mas nós precisamos muito mais dela. O tempo de agir é agora.
Pe. Mieczyslaw Smyda, SJ – Provincial do Brasil
Pe. Rogério Mosimann da Silva, SJ – Delegado para a Preferência Apostólica Amazônia (Paam)