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A beleza da juventude, entrevista com o Ir. Pedro Ernane Gomes

O grupo Peregrinos de Calça Jeans completou 5 anos de atuação em 2018

Em outubro, aconteceu a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em Roma (Itália). Com o tema Os jovens, a fé e o discernimento vocacional, o encontro abordou temas relacionados à juventude contemporânea.

Em sintonia com este momento, recordamos a importância da atuação ativa dos jovens na sociedade. Um exemplo desse importante papel da juventude vem da Bahia, de um grupo conhecido como PCJ (Peregrinos de Calça Jeans), composto por jovens, alunos e antigos alunos do Colégio Antônio Vieira, em Salvador (BA), cuja iniciativa tem em seu horizonte o desejo de ser magis, ou seja, fazer o bem aos demais.

Em 2018, o PCJ completa cinco anos e o espírito que inspirou a criação do grupo continua forte. Em entrevista ao informativo Em Companhia, o irmão Pedro Ernane Gomes (foto), assistente social do Colégio Antônio Vieira e referencial do trabalho com juventude e vocações do Núcleo Apostólico Bahia, falou um pouco sobre a beleza da juventude e a atuação do grupo Peregrinos de Calça Jeans. Confira:

 

Em sua opinião, qual a importância do PCJ (Peregrinos de Calça Jeans)?

Antes de falar da importância do que é o PCJ, gostaria de contextualizar esse grupo de jovens, fruto de uma experiência de Semana Santa Jovem, no ano de 2013, na cidade de Capim Grosso (BA), articulada pelo Colégio Antônio Vieira e que, a cada ano, proporciona aos alunos uma experiência de contato com diversas realidades. O grupo Peregrinos de Calça Jeans é composto por jovens/alunos e ex-alunos do Colégio Antônio Vieira e tem no seu horizonte o desejo de ser magis, ou seja, fazer o bem por meio dos pilares que fundamentam o grupo: amizade, espiritualidade e ação social. Daí sua importância no meio juvenil, pois esses jovens evangelizam com seu jeito de ser jovem, respeitando as diferenças religiosas e culturais. Com isso, eles têm conquistado tantos outros a experimentarem o amor de Deus, conforme Santo Inácio se dá mais em obras do que em palavras. O PCJ tem sido um sinal de evangelização não apenas na comunidade educativa do Colégio Vieira, como também nos espaços em que faz ação social, seja em creches, abrigos de idosos, hospitais etc.

Atualmente, os jovens são de uma força e atuação muito bonita dentro da Igreja, assim como podemos ver com o PCJ. Em sua opinião, como orientar a juventude da melhor forma possível?

Realmente, a juventude no mundo contemporâneo é essa força, ousadia, dinamismo, paradoxo, busca, resistência e sonho de liberdade, isso que torna o jovem um ser singular/plural que ainda está em constante construção. No entanto, na vida eclesial, eles têm seu papel fundamental de ser colaboradores na missão de Cristo. Algo que tem me encantado nos jovens Peregrinos de Calça Jeans é esse desejo de fazer o bem ao outro, colocando seus dons a serviço de quem mais precisa. A igreja tem sido esse espaço de acolhida, de formar novas lideranças juvenis para que sejam protagonistas de suas histórias e formadores de opinião futuras. Nesse sentido, o meu papel é de ajudar os jovens, primeiro de tudo, a tomar consciência do seu papel como cristão, membro de um corpo que é a Igreja, e também de que é responsável por dar continuidade à missão de Cristo.

Muitos jovens, após a primeira experiência com a espiritualidade inaciana, se sentem muito impulsionados a vivenciarem outros projetos. Como fazer para que essa chama não se apague?

Creio que o grande desafio hoje é continuar com essa chama acesa em meio a tantas opções oferecidas a seu redor. Mas acredito que a experiência vivida, por exemplo, por aqueles que fazem os Exercícios Espirituais (EE) para Jovens em Etapas, um dos primeiros contatos em imersão com a espiritualidade inaciana, os torna diferentes, pois, para os jovens, os EE provocam uma reflexão diante do que são, como sujeitos de uma história, para que as experiências vividas no presente sejam forças motrizes na transformação do que querem vir a ser no futuro. Assim, o que se observa na beleza nas diversas falas dos jovens é que os EE são um meio que os leva a um verdadeiro caminho de saída de si, portanto provoca um espírito de desbravamento e, sobretudo, estimula os jovens a serem o que querem, vencendo todos os desafios para realização de seu próprio projeto de vida, ou seja, compreender o seu princípio e fundamento: louvar e servir a Deus, a fim de salvar a si. E, numa dimensão mais comunitária, salvar aos demais, ao outro. O meu papel como orientador é apenas acompanhar, escutá-los e ajudá-los a seguir em frente, respeitando a individualidade de cada um, o seu tempo e o seu espaço, mas, no fundo, tem sido uma verdadeira troca de experiência.

“[…] o meu papel é de ajudar os jovens, primeiro de tudo, a tomar consciência do seu papel como cristão, membro de um corpo que é a Igreja […]”

Quais os conselhos que o senhor daria para os jovens que participam do PCJ? E para aqueles que sentem desejo de participar de ações como essa em outros lugares, mas têm receio, seja por vergonha, seja por desânimo, etc.?

Aconselho que nunca percam o seu horizonte de partida, a capacidade de despertar/provocar na juventude a beleza do ser, procurando dar sentido aos enormes anseios existentes e isso leva às perguntas existenciais: quem sou? De onde vim? Para onde vou? Qual é o sentido da minha vida? Que lugar eu ocupo neste Universo? Que propósito tem minha vida? Por que aconteceu isso comigo? Tais questionamentos podem ser traduzidos na elaboração de seu projeto de vida. Outro conselho que daria seria cultivar, a cada dia, os vínculos construídos de amizades, pois as verdadeiras amizades são aquelas que nos conduzem a Deus, o grande convite: sermos amigos no Senhor. Para aqueles que desejam conhecer e participar de ações voluntárias no PCJ, “Não tenham medo”, venham fazer parte desse projeto de evangelização para que juntos possamos incendiar luz, paz, amor e união.

 

Ir. Pedro Ernane Gomes é assistente social, graduado pela UCSal (Universidade Católica do Salvador), com especialização em Juventude no Mundo Contemporâneo pela FAJE (Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia).

 

Quer saber mais sobre o PCJ? Então, acesse a 45ª edição (junho/2018) do informativo Em Companhia, na página 27, e veja a trajetória do grupo.

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