Chegou ao fim o período de imersão etnográfica das educadoras haitianas, Guerline Brun, Yanie Raphael, e da tradutora, Nerlie Bellevue. Após três meses em Teresina (PI), elas agora retornam ao Haiti, onde terão a oportunidade de compartilhar as experiências vivenciadas no Brasil.
Uma das práticas que mais chamou atenção das haitianas é o modo de ensinar a ler e escrever. “Aqui, as crianças do Maternal já têm noções de leitura e escrita. No Haiti, esse conteúdo só é passado a partir do Infantil II”, conta Yanie. Outro ponto interessante que as haitianas observaram na educação brasileira é a Assistência Educacional Especializada (AEE). “As psicólogas da Educação Infantil do Diocesano passaram algumas noções sobre como trabalhar com crianças que necessitam de apoio especializado. Na escola que trabalho não tem psicóloga, mas, mesmo assim, vou colocar em prática de acordo com as orientações que nos deram”, afirma Guerline. Além disso, espaços como as salas de balé, judô e informática despertaram o interesse das professoras que pretendem implantar esses exercícios complementares na formação das crianças haitianas.
Nas escolas em que Yanie coordena, as rimas e os ritmos fazem parte das rotinas pedagógicas diárias. “Cada atividade que realizamos tem uma dança, uma música, para chamar atenção das crianças e dar mais motivação”, destaca. Segundo Jovina Nascimento, coordenadora da Educação Infantil do Diocesano, “as educadoras deixaram sugestões de brincadeiras, músicas e uma importante troca de experiências com as professoras da Educação Infantil.
Para Nerlie, as educadoras levam para seu país o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, o qual pretendem traduzir para o francês. A ideia é discutir as diretrizes e propostas metodológicas do documento com os professores das escolas em que elas trabalham. “É um material muito bom, traz ótimas informações sobre como proceder com as crianças em cada fase de desenvolvimento delas”, salienta a haitiana.
“Agora vamos compartilhar esse conhecimento com os professores que ficaram no Haiti e também colocar em prática com os alunos.”
Guerline Brun
“A expectativa é que de volta ao Haiti elas coloquem em prática o que viram aqui, ou pelo menos que essa experiência ajude a melhorar o que é feito lá”, declara o diretor geral do Diocesano, Ir. Raimundo Barros. A proposta também é que em 2017 um grupo de representantes da Rede Jesuíta de Educação – RJE, em Teresina (PI), faça um intercâmbio no Haiti. “A comunidade educativa se envolveu muito na campanha Inacianos pelo Haiti. Então, acredito ser legítimo levar algumas pessoas lá para que conheçam a realidade do país”, acentua o diretor.
Ao final do processo, ficam as percepções positivas. “Fé e Alegria não nos mandou para Teresina à toa, aprendemos muito. Agora vamos compartilhar esse conhecimento com os professores que ficaram no Haiti e também colocar em prática com os alunos”, enfatiza Guerline. “Foi um período muito bom, mesmo com a saudade da família, valeu a pena porque aprendemos muito no aspecto profissional e ainda conhecemos outra cultura”, avalia Yanie.