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Palavra CPAL: Porque estamos todos comprometidos com a educação

O Pacto Educativo Global (PEG) que o Papa Francisco propôs é um convite e uma ocasião particular para todos nós assumirmos nosso papel de educadores. Nenhum ator social, independentemente do tipo de atividade a que se dedique, está excluído dessa tarefa. O Papa é claro sobre isso e a proposta foi lançada para todos.

Se nos dedicamos a trabalhar com crianças, com jovens ou com adultos, acompanhando uma comunidade indígena ou em uma rádio, em um centro de espiritualidade ou na publicação de uma revista; quer exerçamos a nossa responsabilidade social na formação desportiva ou na promoção artística, na organização comunitária, na reflexão sociopolítica, no trabalho estritamente pastoral e sacramental ou na formação familiar, na capacitação técnica ou no ensino infantil, fundamental, médio ou superior, somos todos educadores.

Educar é, literalmente, “ajudar as pessoas a expressarem o melhor de si mesmas” (do lat. educere); e todos nós nos encontramos nesse desafio. Permitir e ajudar para que cada pessoa – sem exceção – tenha efetivamente a oportunidade, e não somente a denominação ou o potencial de desenvolver e manifestar seu ser único, é colaborar na obra maravilhosa da criação: educar.

O futuro da humanização do planeta passa pela educação: não há melhor antídoto para a violência e a guerra, a exclusão e a humilhação de milhares, a desumanização e degradação da criação, a desigualdade e a injustiça que afligem o mundo. Enquanto houver uma pessoa funcionalmente impedida de desenvolver e manifestar o melhor de si mesma, todo o esforço educacional do resto da humanidade será justificado. Omitir essa responsabilidade pessoal e social, ou renunciá-la, deixando-a nas mãos de poucos (a escola e seus atores) é renunciar à própria humanidade.

A Companhia de Jesus tem-se destacado ao longo da sua história pelo seu papel no campo da educação; não somente pela fundação de colégios e universidades, mas por sua criatividade na capacidade de propor “modo e ordem” no exercício da vocação educativa. A ratio studiorum marcou uma época da humanidade e deixou sua impressão por muitos anos não somente no fazer pedagógico (de escolas diversas), mas na ação educativa em geral. Impressiona ver como as intuições mais típicas de Santo Inácio e dos jesuítas das primeiras gerações foram retomadas múltiplas vezes, e não deixam de estar presentes e serem atuais na tríade: experiência, reflexão, ação (ver, julgar, agir), que permanece a base do paradigma educacional contemporâneo sob diversas formas e denominações. Esta ação educativa foi exercida pelo corpo apostólico da Companhia de Jesus não somente nas escolas formais, mas nos mais diversos campos apostólicos: entre os povos originários, no desenvolvimento das artes, nas tarefas de comunicação ou da espiritualidade, do serviço social, da capacitação popular, da formação de adultos, da educação não formal, etc.

Na semana passada, se reuniu a comissão internacional  encarregada de refletir sobre a renovação do Projeto Educativo Comum do CPAL (PEC), no marco da realização de um interessante semanário que desenvolveu três importantes desafios: educação e cidadania, inovação educacional e formação humana integral.

A comissão já realizou uma importante fase do estudo e reflexão encomendado pelo PAC.2, o que nos leva à conclusão de que: tendo sido a PEC um instrumento pioneiro para o desenvolvimento da filosofia e da proposta pedagógica e educacional do CPAL, e reconhecendo que este texto merece uma reformulação em certos conceitos e propostas, continua a ser um importante marco referencial que não queremos ignorar no seu valor singular. É por isso que agradecemos a Deus, aos seus autores  e a todos aqueles que durante os últimos 17 anos contribuíram para que suas orientações produzissem tantos frutos. De alguma forma – não exclusiva – suas orientações têm sido inspiradoras e motivadoras do trabalho educativo, e têm sido recolhidas, desenvolvidas e levadas adiante – atualizadas, em muitos casos – em múltiplos documentos regionais, provinciais e institucionais; foram até mesmo recolhidas em documentos de natureza internacional pela Cúria Geral.

No entanto, dado que educar não é simplesmente escolarizar, mas é uma tarefa que diz respeito a todos os atores sociais, no marco do Pacto Educativo Global e do Projeto Apostólico Comum (PAC2) queremos, juntamente a todo o corpo apostólico da Companhia de Jesus na CPAL, e olhando para o contexto de nossa realidade latino-americana com suas luzes e sombras, continuar nosso trabalho tendo como objeto de reflexão a ação educativa de todo o corpo apostólico da Companhia de Jesus na América Latina e no Caribe, e continuar realizando a tarefa da comissão até alcançar a proposição de algumas orientações comuns fundamentais que, graças à colaboração e o trabalho em rede, nos permitam ser mais assertivos no serviço educacional que desenvolvemos.

Por esse motivo não vamos atualizar ou renovar a PEC, mas reconhecer e honrar o seu valor e o seu impulso, nos inspirar nele e naquilo que ele gerou, para tratar de desenvolver uma nova proposta que ajude a sintonizar nossa múltipla ação educativa a partir do lugar de inserção apostólica em que se encontra cada membro do corpo apostólico. Buscamos, portanto, um multitexto (multi: em suas formas, em suas possibilidades, em seus interlocutores, etc.) que nos ajude a inflamar inacianamente todas as ações educativas (apostólicas) que realizamos na diversidade de serviços que prestamos.

Junte-se a nós nesta tarefa porque, uma vez que todos nós educamos, a sua participação é fundamental!

Enquanto damos graças a Deus por esta maravilhosa tarefa, queremos AGRADECER especialmente a existência da CPAL nesses 23 anos, aniversário comemorado dia 27 de novembro. Parabéns a todos e todas!

Roberto Jaramillo, SJ
Presidente CPAL

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