CEPAT promove reflexão sobre a importância da Assistência Social

Construir estratégias profissionais e, na conjuntura atual, enfrentar os avanços das políticas neoliberais do governo de Michel Temer foram preocupações centrais do ciclo de estudos e debates chamado de Trabalhadoras(es) do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), promovido pelo CEPAT (Centro de Promoção de Agentes de Transformação), com apoio do Instituto Humanitas Unisinos (IHU), finalizado no último dia 12 de dezembro.  Em oito encontros, foram debatidos temas como a metodologia do SUAS e a dimensão ética e política do trabalho desempenhado pelos profissionais que atuam nesta área.

Durante o último encontro, Solange Fernandes, da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), uma das assessoras deste ciclo, apontou alguns elementos centrais para o enfrentamento do cenário em que vive a Assistência Social, com a vigência da Emenda Constitucional 95, que estabeleceu o teto dos gastos públicos. A Emenda atinge diretamente as áreas da Educação e Saúde, com reflexos na assistência social, onde ressurgem propostas assistencialistas, como por exemplo o Programa Criança Feliz.

Para Fernandes, existem formas para fazer frente à essa realidade.  “O conhecimento, a compreensão das novas normativas e o fortalecimentos dos trabalhadores e da população que acessa essa política, com estratégias de participação e de resistência na defesa e garantia dos direitos humanos é importante”, apontou. Outra estratégia citada pela professora é atrair a participação da população com atividades que possam promover a discussão do cotidiano e a busca de respostas conjuntas.

“A tendência é que as pessoas que participam de um processo formativo levem respostas para seus espaços de trabalho. Da mesma forma, ocorre com a população, que busca nos serviços respostas para seus problemas. A proposta, aqui, é romper com essa lógica absoluta de respostas prontas e construirmos saídas possíveis para os problemas individuais e coletivos”, disse Fernandes.

Outra dimensão abordada durante esse ciclo de estudos e debates foi a de sensibilização para as diversas realidades enfrentadas no cotidiano profissional, levando em consideração os diferentes públicos atendidos: população negra, moradores de rua, jovens, idosos, usuários de álcool e drogas. O ciclo apontou a necessidade de rompimento com as visões preconceituosas e conservadoras que permeiam a sociedade. Segundo Fernandes, é fundamental ter um pensamento autônomo para realizar a defesa dos direitos humanos.

“A proposta, aqui, é romper com essa lógica absoluta de respostas prontas e construirmos saídas possíveis para os problemas individuais e coletivos”

Solange Fernandes, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Gisele Carneiro, assistente social, coordenou a dinâmica de escuta ativa dos participantes, como o objetivo de reunir a percepção dos trabalhadores, após as oito etapas de estudo e debate. Nesse processo, foram avaliados inúmeros aspectos, como o tempo individual de desenvolvimento, a Justiça Restaurativa como solução de conflitos e redução de danos, a experiência de vida das pessoas na terceira idade, a memória dos tempos da ditadura, a relação ente narcotráfico e o sistema capitalista.

Ao mesmo tempo, surgiram discussões sobre a violência, as drogas, o racismo, entre outras problemáticas sociais. Na ocasião, os participantes puderam expressar suas expectativas e dúvidas.

Ao final, o entendimento predominante foi o de que a sociedade almeja mudanças, mas não consegue identificar como chegar a um resultado positivo. Nesse sentido, o profissional da assistência social, quando embebido por um compromisso ético e político, pode orientar essa busca e também oferecer caminhos para atingir os objetivos.

A acolhida e a mística, durante o ciclo de debates, foram destacadas pelo grupo com expressões como: “ela nos deixa leve”, “despertou-nos o desejo da mudança”, “trouxe-nos esperança”, “despertou o acreditar em mim mesma”. Entre as místicas preparadas, usufruímos de grandes contribuições de poemas e canções, desde Pedro Bomba, Bertolt Brecht, Dani Black, Isis Cristina a Ivan Lins, Mercedes Sosa, Wilson Simonal, Caetano Velo, Milton Nascimento e Elis Regina.

A última etapa foi encerrada com a apresentação cultural e a reflexão do processo histórico da Ditadura civil-militar no Brasil, por meio de músicas selecionadas pelo professor e artista popular Paulo Borges, que entoou diversas canções. A canção Sampa, de Caetano Veloso, expressou muito bem a tônica do momento: “do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas; Da força da grana que ergue e destrói coisas belas; Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas”. E, por fim, a canção, Antes Que Seja Tarde, de Ivan Lins: “com força e com vontade a felicidade há de se espalhar com toda a intensidade”, disse de nosso anseio para o presente.

 

Fonte: CEPAT – Centro de Promoção de Agentes de Transformação (Curitiba/PR)

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