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CEPAT realiza estudo sobre o Papa e movimentos populares

O CEPAT (Centro de Promoção dos Agentes de Transformação), em parceria com a CVX (Comunidade de Vida Cristã) Regional Sul e com o apoio do IHU (Instituto Humanitas Unisinos), realizou o ciclo de estudos e reflexões O Magistério Social do Papa Francisco, com quatro encontros. O mais recente teve como tema a Análise dos três discursos papais aos Movimentos Populares, contando com a assessoria de André Langer.

Em um momento de grande crise de lideranças na vida social e política, o Papa Francisco com sua acolhida, proximidade e ouvidos atentos ao clamor dos mais pobres, nos oferece razões para acreditar em um mundo mais justo, solidário e fraterno.

A iniciativa dos três encontros do Papa com os Movimentos Populares é algo inédito na história da Igreja. É um esforço em se (re)aproximar desses movimentos dando voz a eles. “O Papa acredita verdadeiramente no potencial dos Movimentos Populares e não quer jamais que esta força que está, única e exclusivamente nas mãos do povo, seja entorpecida pelos falsos fatalismos que a injusta estrutura econômica atual quer fazer vigorar”, ressaltou André Langer.

Ao longo dos encontros que aconteceram em 2014 (Itália), 2015 (Bolívia) e 2016 (Itália), Francisco nos brindou com discursos históricos, permeados por uma crítica social fundamentada nos valores evangélicos e ancorada em uma percepção da conjuntura econômica, política, social e cultural contemporânea capaz de apontar o popular ‘x’ da questão.

As palavras de esperança do Santo Padre ao movimento destoam por aqueles que se acostumaram com as regalias do poder e do dinheiro à custa da miséria dos povos e comunidades.

“Vocês, os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos, podem e fazem muito. Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas mãos de vocês, na capacidade de se organizarem e promoverem alternativas criativas na busca diária dos “3T” (trabalho, teto, terra) e também na participação de vocês como protagonistas nos grandes processos de mudança nacionais, regionais e mundiais. Não se acanhem!”, Concluiu o papa.

“O Papa acredita verdadeiramente no potencial dos Movimentos Populares e não quer jamais que esta força que está, única e exclusivamente nas mãos do povo, seja entorpecida pelos falsos fatalismos que a injusta estrutura econômica atual quer fazer vigorar”

André Langer

 Na análise, André Langer fez uma leitura transversal dos três discursos destacando alguns pontos centrais:

A denúncia do ídolo dinheiro, que ameaça a dignidade da pessoa humana e favorece a cultura do descarte e a globalização da indiferença.

A defesa de uma mudança de estrutura, uma vez que o atual sistema é insuportável à vida que precisa ser protegida em todas as esferas, desde os pobres até a Mãe Terra. O Papa incentiva todos a reconhecer: “Nós precisamos e queremos uma mudança”.

O Papa quer uma economia que esteja a serviço dos povos e não como um mecanismo de acumulação e depredação. “Esta economia mata!”, denunciou. A verdadeira economia leva em conta a casa comum, que precisa ser cuidada adequadamente, com uma reta distribuição de seus bens entre todos.

O Papa defende o direito à Terra, Teto e Trabalho. Ficou célebre sua frase, durante o encontro de 2014: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”.

Francisco também adverte a respeito das novas formas de colonialismo que, por trás de falsos discursos de conteúdo social e humanitário (combate à corrupção, ao terrorismo, etc.) e concentração monopolista dos meios de comunicação (colonialismo ideológico), escondem as causas da miséria, da violência, das migrações forçadas, da desigualdade, etc., privilegiando os países mais ricos em detrimento dos mais pobres;

Francisco retoma, em especial, um tema que lhe é muito caro: a dura realidade dos migrantes, refugiados e deslocados. As palavras do Papa são duras ao reconhecer que, no cenário atual, “o Mediterrâneo transformou-se em um cemitério”, diante da tragédia vivida pelos refugiados ao tentar chegar à Europa. Trata-se da “bancarrota da humanidade”.

Francisco alerta os movimentos populares a não se deixar formatar, evitando ser funcionais ao sistema – não cair na tentação de ser “meros administradores da miséria existente” -, e não se deixar corromper, mantendo a coerência e a sobriedade.

Francisco insiste no protagonismo dos pobres, reconhecendo-os como semeadores de mudança, capazes de gerar processos de transformação da realidade. Animando-os, reconhece que no ato de resistir e insistir em alternativas de organização popular, imitam o próprio Jesus.

Fonte: CEPAT (Curitiba/PR)

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