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Colégio Medianeira celebra os 70 anos da chegada dos jesuítas a Curitiba

Neste sábado (27/3), às 17 horas, o Colégio Medianeira realizará a ‘Missa em Ação de Graças pelos 70 anos da presença dos jesuítas em Curitiba’, que será celebrada em alusão à data da chegada do Pe. Edmundo Henrique Dreher na capital paranaense. Na época, o sacerdote recebeu a missão de fundar um estabelecimento educacional na cidade, dando início à ideia que originaria a instituição de ensino jesuíta. A celebração eucarística será presidida pelo arcebispo metropolitano de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo, com transmissão pelo canal do Colégio Medianeira no YouTube.

A chegada de Pe. Edmundo à Curitiba fez reverberar o intuito do jesuíta de criar uma nova instituição de ensino na cidade. O projeto teve forte ressonância entre as autoridades locais da época, que se articularam para promover a vinda definitiva dos religiosos, cedendo o terreno para a construção do colégio. As obras do terreno onde hoje se localiza o Colégio Medianeira começaram em 1954.

Desde o seu primeiro dia na capital, padre Edmundo registrou em seu diário as impressões sobre Curitiba. Ele desembarcou em São José dos Pinhais, no Aeroporto Afonso Pena, na manhã de 27 de março de 1951. Já em Curitiba, foi acolhido pela família do comerciante sírio Miguel Calluf. Abaixo, o padre relata o seu primeiro dia na capital:

“27 de março de 1951 

Em honra e louvor da SS. Trindade, seja tudo para a maior glória do Sagrado Coração de Jesus, para engrandecimento do Imaculado Coração de Maria e do glorioso patriarca São José, bem como do vencedor dos demônios, São Miguel Arcanjo. 

Escreve P. Edmundo Henrique Dreher, da Companhia de Jesus, enviado pelo R. P. Leopoldo Antzen, Provincial da Província Sul-Brasileira, a fundar uma residência em Curitiba, Paraná.  

Ao Aeroporto de Porto Alegre acompanharam-me o R. P. Provincial e o R. P. Walter Hofer, reitor do Colégio Anchieta. Às 08h, o alto falante deu o sinal de embarque, e pelas 8,15 o avião misto da Varig alçou vôo. Houve visibilidade até pela fronteira de Santa Catarina. Depois um teto de nuvens tolhia toda a visão, até chegar a Curitiba, onde aterrissamos às 10h, 6min e 30 segundos, após nem bem 2 horas de vôo direto. 

No aeroporto não me esperava ninguém, pois que eu, fiando-me no vôo anterior que fizera em janeiro deste ano, para pregar o retiro ao clero de Curitiba, julgara fazer escala em Araranguá e Florianópolis, o que nos faria chegar pelas 11h.  

Comunicara esta hora de chegada ao Sr. Arcebispo. Entretanto, enquanto aguardava a entrega da bagagem, aproxima-se o P. Víttola, que telefonara para a agência da Varig, a fim de saber da chegada do avião. 

Fomos já rumando para o palácio quando a uns 400m encontramo-nos com o auto do Sr. Arcebispo. Voltamos e beijei-lhe o anel no aeroporto. 

Chegados que fomos tomamos um cafezinho e deram-me o quarto no qual ficaria residindo até instalação da residência.  

À tarde, P. Vittola orienta-me levando-me à catedral, e depois ao cemitério municipal.  

Às 20h fomos, o Sr. Arcebispo e eu, fazer uma visita de cortesia ao Sr. Miguel Calluf, que muito se alegrou com a visita e com a minha vinda, reiterando sua promessa de pôr-nos à disposição o prédio que possui alugado a um departamento do Ministério de Agricultura, vizinho à sua luxuosa residência. O problema que surge é o de desalojar os inquilinos, tanto mais difícil que são do governo. O Sr. Arcebispo, interessado em nossa residência e atividade, prometeu interceder. 

O prédio espaçoso que é presta-se muito bem para darmos início a um pensionato acadêmico.  

O Sr. Arcebispo manifestou o desejo de termos aqui um Colégio, bem como de entregar-nos a Faculdade de Direito da futura Universidade Católica.” 

Calluf alojou padre Edmundo na região do Bairro São Francisco, na Rua Jaime Reis, 134, onde hoje está localizada a Galeria Um Lugar Ao Sol, batismo que homenageia o Padre Emir Caluff, primeiro sacerdote jesuíta ordenado em Curitiba e filho de Miguel Calluf e Mathilde Calluf. O nome da galeria onde antigamente morou o Padre Edmundo homenageia o programa que o Padre Emir tinha na televisão, de enorme audiência no Paraná nos anos 1960 e 1970.

Segundo Paula Calluf, neta da irmã do Padre Emir, os jesuítas ficaram hospedados literalmente ao lado da casa da família síria. “Meus bisavôs moravam no número 86 e estavam sempre por perto, fazendo de tudo para receber bem os jesuítas na cidade”. A relação entre a família Calluf e os jesuítas da época foi muito estreita. Na ocasião do ordenamento do Padre Emir, o Padre Edmundo Dreher leu uma carta especial redigida pelo Papa João XXIII.

Munira Calluf, filha de Miguel Calluf, relembra do Padre Dreher como uma pessoa muito leal, sempre presente nos almoços de sábado da família. “Eu era bem jovem, mas lembro que o Padre Edmundo era muito simpático, uma pessoa agradável, com um senso de humor ótimo. Uma frase do Padre eu nunca esqueci: ‘com a idade, a gente cansa mais depressa e demora mais pra descansar’. Hoje eu tenho a idade que ele tinha e a memória de sua figura e de sua inteligência são inesquecíveis”. A família Calluf, que recebeu de braços abertos e acolheu os jesuítas em Curitiba, também será homenageada na cerimônia deste sábado.

Fonte: Colégio Medianeira

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