Voltar a estudar depois de um longo tempo sem pegar em um caderno, é difícil, mas não impossível. Desemprego, exclusão social, desinteresse, vários são os motivos para que os brasileiros não concluam o ensino regular. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de analfabetismo caiu nos últimos dez anos, mas em algumas regiões, principalmente em municípios do interior da Região Nordeste, esse número continua alto.
Nesse contexto de desigualdades e de abandono dos estudos, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um caminho para que as taxas de analfabetismo continuem caindo. O EJA é direcionado para pessoas que não concluíram o Ensino Regular e desejam retomar os estudos. Alguns colégios da Rede Jesuíta de Educação oferecer cursos de EJA para as pessoas que desejam voltar a estudar.
O Colégio Santo Inácio (CSI), localizado no Rio de Janeiro (RJ), oferece desde 1968 cursos voltados para jovens e adultos que não concluíram os estudos. Atualmente o CSI possui 1.100 alunos matriculados nessa modalidade, o curso é totalmente gratuito e o material é pago pelo colégio. Segundo o Colégio Santo Inácio a procura pelos cursos é grande. Durante o ano as inscrições abrem no primeiro e no segundo semestre. Além do Ensino Regular a instituição oferece cursos profissionalizantes de Análises Clínicas, Administração, Enfermagem e Informática, para quem já fez o Ensino Médio.
Na Região Nordeste, no qual o índice de analfabetismo é maior, os Colégios Santo Inácio (CE), São Francisco de Sales – Diocesano (PI) e o Antônio Vieira (BA), também oferecem a Educação de Jovens e Adultos (EJA). No Colégio Santo Inácio, em Fortaleza (CE), cerca de 270 alunos estão matriculados no curso e todos possuem bolsa integral. Desde 1969, essa modalidade é oferecida e há grande procura de alunos de escolas públicas da região. Em Teresina, no Piauí, o Colégio São Francisco de Sales – Diocesano oferece 600 vagas para o EJA, todas as vagas são bolsas de estudos.
Segundo o professor de Biologia, que dá aulas para as turmas de EJA do Colégio Diocesano, Nelson Jorge Carvalho Batista, um dos motivos para as pessoas não concluírem o Ensino Regular está na falta de oportunidades e de investimentos na educação. “Em países como o Brasil, marcados por grandes desníveis sociais, pela situação de pobreza de uma grande parcela da população e por uma tradição política pouco democrática, baixos níveis de escolaridade estão fortemente associados a outras formas de exclusão econômica e política. Famílias que vivem em situação econômica precária enfrentam grandes dificuldades em manter as crianças na escola, seus esforços nesse sentido são também mal recompensados, já que as escolas que tem acesso são pobres de recursos e normalmente não oferecem condições de aprendizagem adequadas”, afirma Nelson.
Os alunos de EJA enfrentam diversos problemas como preconceito, vergonha e discriminação, por isso o apoio da família, dos professores e dos colégios são importantes, para que essa pessoa, que não teve oportunidades, consiga voltar e se dedicar aos estudos.
Antônio Francisco e Silva, 36 anos, aluno do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Diocesano, fala sobre os motivos que o levaram a voltar a estudar e a importância do apoio da família para a decisão de retomar os estudos. “Um dos motivos foi a necessidade de melhorar a comunicação no trabalho. Passei 15 anos sem frequentar uma sala de aula e minha esposa me incentivou a retornar à escola na 5ª série do ensino fundamental. Tinha muitas dificuldades na escrita e na fala. Atualmente prestei o Exame Nacional do Ensino Médio, onde irei concorrer ao curso de Medicina Veterinária, meu maior sonho desde jovem”, afirma.