Dados do impacto das inundações na atividade econômica no RS são apresentados na Unisinos 

Crédito: Arthur Woltmann

A Unisinos apresentou na quinta-feira (06), dados sobre o impacto das inundações na atividade econômica dos municípios no Rio Grande do Sul, em evento que reuniu prefeitos de municípios atingidos e autoridades do Estado e do Governo Federal, no campus Porto Alegre. O objetivo foi mostrar os números por cidades e regiões, e como os resultados podem afetar o desenvolvimento desses locais. 

O método que prevê os impactos foi desenvolvido pelos professores pesquisadores da Escola de Gestão e Negócios, Marcos Lélis, Magnus dos Reis e Camila Flores Orth. A iniciativa surgiu após conversas com algumas prefeituras, como de Porto Alegre e de São Leopoldo. 

O evento iniciou com a apresentação da Escola de Gestão e Negócios pelo decano Ivan Garrido, que endossou a importância do levantamento realizado. “Eu gostaria de dizer para vocês, que esses dados, na nossa visão, têm uma aplicabilidade imensa. Nós acreditamos que, para que prefeituras e o Governo do Estado possam acessar recursos – não só recursos financeiros, mas recursos tecnológicos e de conhecimento – nós vamos ter que suportar os nossos projetos com dados científicos. E essa é a colaboração que a Unisinos, a Escola de Gestão e Negócios e o Núcleo de Competitividade e Economia quer trazer para vocês.” 

O diretor de Articulação Econômica, Ronaldo Zulke, representando o ministro-chefe da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, mostrou confiança no trabalho realizado pela Unisinos, que ajudará a entender os desafios que virão. “É uma tarefa gigantesca para todos nós. A sociedade gaúcha está sendo desafiada a enfrentar esse enorme desafio dessa catástrofe. E eu tenho certeza de que nós, no Ministério, vamos beber muito desta fonte que será apresentada hoje aqui no trabalho, coordenado pelo professor Lélis”, disse. 

Na sequência, o reitor da Unisinos, Pe. Sérgio Mariucci, relembrou o momento em que a Universidade acolheu mais de 1500 pessoas no campus. “A Unisinos fez o seu dever. A universidade nasceu em São Leopoldo e, no momento em que aquela população mais precisava de nós, a gente não podia não atender”, enfatizou. Ele ainda ressaltou que o momento atual é de construção de dados a partir da pesquisa e do conhecimento científico, para que se possa tomar decisões. “Saímos daquele imediatismo de atender quem está ameaçado com a água e passamos a olhar com serenidade, com muita lucidez, para o impacto em todas as áreas da sociedade. E isso é o que se espera de uma Universidade como a nossa: produzir conhecimento e servir à comunidade com a nossa pesquisa. No caso, aqui, por meio da pesquisa em Economia, contribuir para a reconstrução do nosso Estado.” 

Lélis explicou que o levantamento foi realizado por município atingindo pelas enchentes, para que se possa entender a realidade econômica de cada um, visto que os efeitos foram heterogêneos entre eles. “Um número fechado para o Rio Grande do Sul, como um todo, pode não representar as realidades regionais. Por isso, o esforço de trabalhar com as informações municipais para, depois, estimar o efeito no Estado”, comentou. 

O estudo também trouxe uma expectativa do possível processo de recuperação da atividade econômica. “Essa caracterização torna-se importante para estimar quanto tempo o crescimento econômico pode tornar-se positivo. A temporalidade da volta à normalidade da atividade econômica ajuda em estimar o tamanho e o tempo necessário de auxílio financeiro dos governos federal e estadual para os municípios mais afetados”, informou o professor. 

Os resultados obtidos chamaram atenção em dois aspectos: os municípios que podem apresentar as maiores perdas; e, em termos de importância econômica, quais municípios mais afetados. Segundo os dados, os municípios mais impactados refletem aqueles que tiveram mais pessoas atingidas, uma vez que, a estimativa leva em consideração essa variável. Eldorado do Sul encabeça a lista sendo a cidade mais afetada em termos de atividade econômica, podendo contrair 36,3% em maio de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior. “Mesmo depois de quatro meses após o evento climático, estima-se que a atividade econômica continue em processo de queda, quando comparado com o mesmo período de 2023”, reforçou Lélis. 

Entre as cidades com maiores economias que foram atingidas, Canoas e São Leopoldo estão à frente da lista com uma previsão de queda de 19,8% e 18,3%, respectivamente, em maio deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior. Na sequência, aparecem Guaíba (11%), Triunfo (10,7%) e Porto Alegre (5,3%). “Salienta-se que esses municípios podem representar, aproximadamente, 53% das perdas de atividade econômica do Estado”, destacou o professor. 

Para a economia do Rio Grande do Sul, o estudo aponta, até o mês de agosto, uma possível perda de até 4,2% do crescimento da atividade econômica esperada para o ano de 2024, sendo considerado nulo uma vez que a expectativa de crescimento do PIB gaúcho era entre 4% e 4,5%. “Assim, o resultado do ano da atividade econômica, entre crescimento ou queda, estaria atrelado ao que pode ocorrer nos quatro últimos meses de 2024”, apontou Lélis. 

O cenário ainda se mostrou mais preocupante ao detalhar o crescimento do PIB do Rio Grande do Sul desde 2022, quando, dois anos antes, o Estado já vinha enfrentando diferentes estiagens com intensidades diversas. O levantamento, que apontou um resultado quase nulo até agosto de 2024, indicou que o PIB estaria 1,2% abaixo do alcançado em 2021, enquanto o PIB nacional pode alcançar um valor 8,1% superior na mesma comparação. “Com efeito, o conjunto de eventos climáticos, ocorridos nos últimos três anos, pode representar uma perda no crescimento acumulado, nestes mesmos anos, de 9,4% do Rio Grande do Sul, quando comparado com o Brasil”, ressalta. 

Todas as estimativas apresentadas têm o intuito de otimizar as ações de recuperação para as regiões mais afetadas, com os municípios podendo dimensionar a quantidade de recursos necessários para recuperar a atividade econômica da região. Os representantes dos municípios e autoridades ainda terão acesso ao método desenvolvido para aplicação podendo calcular os efeitos em cada município. 

Fonte: Unisinos

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