O padre João Batista Reus nasceu em 10 de julho de 1868, em Pottenstein (Alemanha). Seus pais, João e Ana Margarida Reus, lhe deram primorosa educação religiosa. Aos 26 anos, ele decidiu ingressar na Companhia de Jesus e ao término de sua formação como jesuíta foi destinado a trabalhar no Brasil.
Em terras brasileiras, padre Reus foi pároco nas cidades gaúchas de Rio Grande, Porto Alegre e São Leopoldo, onde ficou conhecido por sua piedade e devoção. Por muitos anos, foi professor de teologia e orientador espiritual no Colégio Cristo Rei, em São Leopoldo.
Por conta dos milagres que lhe são conferidos, ao falecer, em 21 de julho de 1947, já contava com fama de santidade. Então, em 1958 seu processo de beatificação, que perdura até hoje, teve início.
No dia 23 de dezembro, vésperas do Natal, um passo importante foi dado nesse processo de beatificação. No Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo, erguido ao lado do túmulo do padre alemão, o bispo da Diocese de Novo Hamburgo, Zeno Hastenteufel, apresentou um documento que pode ser o que faltava para proclamar Padre Reus como santo.
Na ocasião, dom Zeno recebeu das mãos de Omar Slaviero, 57 anos, o laudo médico que avalia que a recuperação do paciente após um acidente vascular cerebral (AVC) e uma consequente hidrocefalia (quando há um aumento de líquido entre o crânio e o cérebro) foi “totalmente atípica e cientificamente inexplicável”.
Em entrevista ao site GaúchaZH, o neurocirurgião Eduardo Mello Rodrigues, que tratou Omar, disse que sua recuperação “foi fora dos padrões, algo que eu não consigo explicar. Desde o início me chamou a atenção o otimismo da esposa dele na recuperação, algo totalmente incompatível com a realidade do paciente. Acredito que a fé transforma, sim”, afirmou.
O MILAGRE
Após um dia de trabalho, durante o banho, Omar começou a sentir fortes dores na cabeça. Morador de Sapucaia (RS), fez exames no hospital da cidade e foi encaminhado no mesmo dia para São Leopoldo, onde fez uma tomografia. Constatado um AVC hemorrágico, foi imediatamente levado à sala de cirurgia de um hospital de Novo Hamburgo (RS), onde foi atendido pelo neurocirurgião. A primeira cirurgia causou complicações, levou o paciente a um coma, e, durante a recuperação, Omar foi acometido por uma infecção hospitalar. Teria de fazer outra cirurgia, desta vez ainda mais arriscada.
“O doutor me chamou de lado e praticamente disse para eu me despedir do meu marido. Se a primeira cirurgia já era arriscada, a segunda era um atestado de morte. Mas eu estava muito confiante, não chorei nenhuma vez. Tenho o Padre Reus comigo desde sempre. É Deus e Padre Reus”, conta Inês Slaviero, esposa de Omar há mais de 30 anos, que revela que fez o pedido definitivo ao possível futuro santo: “Em determinado momento, quando ele ainda estava se recuperando da primeira cirurgia, eu não aguentava mais e falei assim ‘Padre Reus, eu quero uma resposta até amanhã, seja qual for’. Peguei um santinho que entregaram aqui na igreja e coloquei embaixo do travesseiro dele. No outro dia, ele acordou”, recorda.
Omar lembra de muito pouco. Diz que sempre foi devoto do padre, mas só agora entende de fato o poder de sua fé. Diz que depois de seu ‘segundo nascimento’, está com a memória ainda melhor, voltou a ter sonhos (e a lembrar deles) e, principalmente, se tornou um homem mais emotivo. “Aqui em São Leopoldo, é difícil não ser devoto de Padre Reus. Mas o que aconteceu comigo foi incrível”, fala de maneira atônita.
O caso, que aconteceu em 2015, só agora foi revelado. Segundo Inês, eles não se sentiam à vontade para revelar a graça alcançada. Porém, em setembro desse ano, em uma viagem à Fátima (Portugal), o casal decidiu contar a história ao bispo.
Agora, o laudo médico deve ser remetido para Roma (Itália), para apreciação das autoridades do Vaticano. Caso percebam que a prova é conclusiva, representantes podem ser enviados à cidade gaúcha para investigar o episódio e, caso tudo aconteça de acordo com o que Omar, Inês, o bispo, o médico e a comunidade de São Leopoldo creem, a canonização de Padre Reus segue para o carimbo do Papa Francisco.
Fontes: ASAV (Associação Antônio Vieira)/GaúchaZH