Nascido na Catalunha (Espanha), no dia 16 de fevereiro de 1928, dom Pedro Casaldaliga completará 90 anos daqui a poucos dias. Chegado ao nosso país em 1968 como missionário, Paulo VI o nomeou, em 1971, como primeiro bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, naquela época uma região com um alto grau de analfabetismo, marginalização social e latifúndios, o que significava pobreza e injustiça para muitos e privilégios para poucos.
Desde 2012, o bispo Adriano Ciocca conduz a Prelazia de São Felix. Em entrevista à Cristiane Murray, da Vatican News, ele fala da Eucaristia de Ação de Graças, que acontecerá no dia 16 de fevereiro, na Prelazia de São Felix do Araguaia, em celebração pela presença e testemunho que Casaldaliga ofereceu ao Mato Grosso, ao Brasil e ao mundo.
O Vale dos Esquecidos
“Para a realidade do Vale do Araguaia, batizado por dom Pedro como ‘Vale dos Esquecidos’, devido à situação de abandono e falta de estruturas e do descaso dos governos estadual e federal, a presença de dom Pedro e da equipe da Igreja católica foi essencial para começar a estruturar socialmente o território”.
Escola para professores e cursos universitários
“Foi graças ao trabalho de dom Pedro e da equipe que ele montou, que se começou a ter um mínimo de atendimento de saúde. Foi por meio da Prelazia que foi fundada uma escola de formação de professores, e a maioria dos professores até não muito tempo atrás foram formados nesta escola.
Foi também graças à intervenção de dom Pedro que se estabeleceram na região algumas faculdades de cursos universitários. A presença dele e da Prelazia na área se qualificou no tempo da ditadura militar, como uma presença corajosa, profética, denunciando o descaso do governo para com as populações autóctones (os indígenas), denunciando o trabalho escravo e a situação de falta de segurança e de condições dos ribeirinhos”.
Assentamentos para os pequenos agricultores
“O trabalho que a Prelazia desenvolveu fez com que em todo o território surgissem projetos de assentamentos para os pequenos agricultores, que puderam se situar, viver e produzir. Praticamente todos os 15 municípios da Prelazia têm assentamentos. Infelizmente, porém, devido ao avanço do agronegócio e à falta de uma política coerente de apoio à agricultura familiar, estes projetos de assentamentos estão ameaçados de desaparecer”.
A equipe de Pastoral da Prelazia
“De qualquer forma, andando pela Prelazia, visitando as famílias, especialmente as que já estavam aqui no tempo de dom Pedro, todos reconhecem que, graças ao trabalho dele e da equipe pastoral da Prelazia, houve a estruturação do território e um mínimo de respeito pelos direitos humanos e uma perspectiva de vida mais organizada do ponto de vista social”.
Fonte: Vatican News