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Entrega da gramática e da catequese ao povo Kiriri (BA)

A história da Companhia de Jesus no Brasil é marcada pela obra “A Arte da Gramática da Língua mais usada na Costa do Brasil”, escrita pelo Padre Anchieta para sistematizar e ensinar a língua Tupi. Menos conhecidas são gramáticas de outros idiomas indígenas escritas para outros povos originários, como a que escreveu o jesuíta Vicencio Mamiani, em 1699, para o povo Kariri.

Atualmente, as aldeias que compõem a unidade do povo Kiriri são: Marcação, Mirandela, Araçá, Cajazeira, Segredo Velho, Baixa da Cangalha, Pau Ferro, Baixa do Juá e Lagoa Grande. Os descendentes desse povo habitam a região semiárida da Bahia, onde está a Paróquia São Cristóvão, confiada à Companhia de Jesus no município de Capim Grosso. 

Em seus últimos anos de vida, o historiador jesuíta Pe. Geraldo Coelho residiu em Capim Grosso e ajudou na recuperação da gramática e da catequese escritas em 1699. No mês de maio, estes documentos históricos foram entregues a seus legítimos donos. Lideranças dos Kiriris, como o cacique Marcelo, viajaram de Mirandela (BA), a 246 km, para receber esses livros escritos pelo jesuíta Vicencio Mamiani.

O evento, que estava previsto para antes da pandemia, teve de ser adiado para acontecer em condições mais seguras, e desta vez foi articulado pela professora Dulce, que conhecia e trabalhava com Pe. Geraldo Coelho antes de seu falecimento. A professora, diretora da escola Mundo Feliz, foi a ponte entre os jesuítas e os Kiriris. 

Pe. Ediberto Brandão, pároco interino de Capim Grosso, representou Pe. Geraldo nesse momento, juntamente a Pe. Luiz Araújo Gomes Júnior, vigário paroquial na Paróquia São Cristóvão, e o estudante Clevisson Conceição. Pe. Júnior contou que, na ocasião, houve uma aula online, em que os indígenas expuseram sua história de vida, sua cultura e suas conquistas, além da venda e exibição de seus artesanatos. 

Os Kiriris, que foram expulsos de sua terra no passado, lutaram e conseguiram reaver seu espaço. Segundo Pe. Júnior, o momento atual informado por eles é também de recuperação, desta vez do idioma. “A gramática veio para as mãos desses indígenas sertanejos no momento certo. […] Essa é nossa alegria: saber que algo do passado, fruto do esforço dos nossos irmãos jesuítas, está contribuindo ainda hoje para a cultura”, completou o jesuíta. 

Fontes: Pe. Luiz Araújo Gomes Júnior e Governo da Bahia

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