Jesuítas completam 25 anos de presença na Amazônia

Em 31 de julho, Festa de Santo Inácio de Loyola, aconteceu a abertura oficial do Ano Jubilar de 25 anos da presença da Companhia de Jesus na Amazônia.  A princípio, a inauguração estava prevista para o dia 2 de maio, recordando o início do Distrito dos Jesuítas da Amazônia, no entanto, precisou ser adiada em virtude da pandemia da covid-19. 

A cerimônia de abertura aconteceu durante a missa presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Manaus, Dom Leonardo Ulrich Steiner, com a participação do bispo auxiliar, Dom Tadeu Canavarros, e dos sacerdotes  jesuítas Pe David Romero, Pe Vanildo Pereira  e Pe. Silas Silva, que realizam sua missão pastoral em Manaus (AM).

O carisma inaciano promove o espírito missionário, a experiência do amor incondicional de Deus, a busca de encontrar Deus em todas as coisas e em tudo amar e servir. Segundo o Padre David Romero, Delegado para a  Preferência Apostólica Amazônica, “quando foi criado o grupo apostólico aqui, algo mais institucional, foi um gesto valorizando a importância da Amazônia”. Ele afirma que “naquele tempo o Provincial morava em Salvador (BA), muito distante, visitava talvez uma vez por ano. Valorizando a Amazônia, vendo a importância, a Companhia criou essa presença institucional, por meio de um Superior local”.

Nos últimos anos, as atenções se voltaram para a Amazônia. O atual Superior dos jesuítas na região, afirma que “por meio  da Laudato Si’, por meio do Sínodo, o mundo está olhando para a Amazônia”, compromisso assumido pela Companhia de Jesus, “respondendo aos desafios, inseridos com os povos indígenas, o serviço aos migrantes, a evangelização por meio de nossas paróquias, o SARES, com a articulação socioambiental, e também o trabalho da espiritualidade”, explica Pe. David Romero. O jesuíta destaca que trata-se de um trabalho eco-sócio-ambiental. Atualmente, são cerca de 30 jesuítas que trabalham na região com a experiência do amor incondicional e a busca por encontrar Deus em todas as coisas.

Pe. David Romero enfatiza que este momento não é apenas dos jesuítas, e sim de toda a “família inaciana, porque foi muito importante a parceria com leigos e leigas, religiosos e religiosas, isso cresceu muito ao longo desses 25 anos, queremos frisar muito isso também”. Comemorar os 25 anos é uma oportunidade para “valorizar, saborear, as pessoas, as iniciativas, os valores, as pistas, a presença de tantos leigos, leigas, religiosos, religiosas”, reforça o Delegado para a Preferência Apostólica Amazônica. Na prática, o sacerdote afirma que “essa sinodalidade, esse trabalhar em rede, são realidades que marcam a Igreja na região. Esse modo de trabalhar juntos, em rede, em parceria, só pode ir crescendo, amadurecendo”.

A coragem e a ousadia diante dos desafios marcaram a vida do Pe. Cláudio Perani, primeiro superior do Distrito, e continuam animando o compromisso missionário dos jesuítas na Amazônia. Segundo o atual Superior, “continuamos comprometidos com os povos indígenas, em Roraima, Acre, Amazonas e no Pará. Desde que a Companhia de Jesus chegou no Brasil, no tempo de Anchieta, é uma coisa que continua firme, é uma coisa que não podemos deixar”. Ele recorda do trabalho da Equipe Itinerante, fundada pelo Pe. Perani, que tem uma ligação com os povos indígenas e com as comunidades tradicionais.

Nos últimos anos, os jesuítas da Amazônia, diante do grande aumento da migração forçada na região, também têm assumido essa causa, “nós temos uma iniciativa em Boa Vista (RR) e em Manaus, onde tem um fluxo grande de venezuelanos”, afirma Pe. David Romero. Junto com isso, ele destaca que “outro desafio é a espiritualidade inculturada, encarnada, para respeitar a religiosidade e a espiritualidade do povo que está aqui, enriquecendo juntos, somando, crescendo juntos nesse campo da espiritualidade”, trabalho desenvolvido, principalmente, nas casas de retiro em Manaus e em Belém.

No campo da espiritualidade, o superior dos jesuítas na Amazônia, enfatiza que “nos últimos anos temos trabalhado os exercícios espirituais ecológicos, marcados pela Laudato Sí’ e a ecologia integral, a espiritualidade na linha da ecologia integral”. 

Pe. David destaca ainda a presença da Companhia de Jesus junto a juventude, por meio do programa e o espaço MAGIS, presente em Belém, Manaus e Santarém. Segundo o jesuíta, “por meio  desse programa, os jovens começam experimentar a espiritualidade e visão inaciana, e isso para nós é um investimento muito importante, para os jovens irem abraçando essa visão, essa espiritualidade, e assim trabalhando em parceria”. Pensando no futuro, ele insiste que “a ideia é continuar investindo na juventude, nas pessoas de boa vontade que querem somar conosco, também trabalhando a pastoral vocacional, que pessoas interessadas em abraçar a vida religiosa, a vida sacerdotal, possam ser acompanhadas e encontrar a vontade de Deus para eles”.

É importante destacar que o Ano Jubilar será concluído em maio de 2021. Até lá, diversas programações serão realizadas.

Fonte: IHU
Foto: Luis Miguel Modino

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