A inserção no mercado laboral brasileiro é um dos grandes desafios enfrentados por migrantes e refugiados que buscam um recomeço no Brasil. Com a proposta de oferecer alternativas para auxiliar na recolocação dessas pessoas, durante o ano de 2019, o setor de Meio de Vida do Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR) de Boa Vista (Roraima), ofereceu uma série de cursos de capacitação.
Os cursos tiveram início em fevereiro e foram realizados em parceria com as instituições Fundação Avina, ONU Mulheres, Governo da Austrália, Senac e o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE Boa Vista). A iniciativa promoveu a formação de 423 pessoas e teve como objetivo melhorar a qualificação profissional de migrantes e refugiados para que tenham melhores oportunidades de acesso aos postos de trabalho.
Foram oferecidas 13 modalidades de qualificação, dentre elas, cursos de português, Jovem Aprendiz, informática, técnicas para o cuidado de idosos e desenvolvimento profissional, possibilitando o aprimoramento de migrantes e refugiados em seus conhecimentos e o aprimoramento de novas habilidades.
Participante do curso “Doces e Salgados”, a venezuelana Wuilmary Del Valle Brache, sente que o curso ampliou suas oportunidades para conseguir um novo trabalho. “O curso foi muito importante porque nos permitiu aprender novas técnicas. Estamos em um país diferente, a forma de preparar os produtos é distinta, as marcas e a duração no forno também variam. Estamos muito agradecidos ao SJMR pela formação, pois nos ajudou tanto na questão profissional quanto na área pessoal. Agora, em qualquer evento, poderemos empreender novas habilidades”, afirmou.
O coordenador dos cursos de formação do SJMR Boa Vista, Yoslin Galdamez, considera que a oferta de cursos profissionalizantes à população migrante e refugiada é fundamental para melhor inserção local, e favorecer a adaptação dessas pessoas ao mercado brasileiro. “Além de estimular o empoderamento do migrante, possibilitar a autonomia financeira e a inserção digna em novos postos de trabalho no Brasil, nossos cursos também fomentam o empreendedorismo, já que muitos dos participantes recebem kits básicos para começar seus próprios negócios, ao final dos cursos”, explicou.
O SJMR ainda ofereceu cursos à população geral, incluindo a comunidade de acolhida da Boa Vista. Também foram realizadas capacitações a grupos específico, como a mulheres, indígenas e comunidade LGBTI+. “Através dos cursos, os migrantes se adaptam melhor a nossa cultura, por meio da aprendizagem da língua portuguesa e da interação com colegas e professores brasileiros”, relembrou Yoslin.
A venezuelana Mariana Betilde Montana Monsalve, participante do curso de Manicure e Pedicure, comentou que a qualificação foi importante em vários âmbitos de sua vida. “Não foi apenas uma capacitação para aprender a como fazer unhas, mas também trouxe conhecimentos de como administrar financeiramente meus negócios. A formação superou as minhas expectativas e ainda melhorou a minha técnica, pois agora acrescento procedimentos de segurança e higiene. Na questão emocional, me ajudou a melhorar a minha autoestima e também me auxiliou no marketing pessoal e na minha apresentação”, afirmou a venezuelana.
Fonte: SJMR