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O Pacto Educativo Global na Rede Jesuíta de Educação: ênfases e aprofundamentos

Ir. Jorge Luiz de Paula, SJ – Diretor Acadêmico da Escola Santo Afonso Rodriguez (Teresina/PI) 


O itinerário da Pedagogia Inaciana pretende ajudar os homens e as mulheres a transformarem o mundo a partir de uma formação do sujeito contemplado em sua integralidade. O caminho sugerido pelo Pacto Educativo Global (PEG) convoca toda a sociedade para a construção e manutenção de uma educação humanista e solidária. Neste sentido, a relação entre a Pedagogia Inaciana e o Pacto ocorre sobretudo na ênfase de colocar a pessoa humana no centro de suas reflexões.

Além disso, podemos dizer que a Pedagogia Inaciana é uma resposta ao chamado feito pelo Papa Francisco no sentido de ser uma proposta prática na Rede Jesuíta de Educação Básica (RJE). Este caminho pedagógico implica o acompanhamento do crescimento dos educandos e educandas, uma relação professor(a) – aluno(a) em que se valoriza o protagonismo do discente, uma formação contínua de educadores na perspectiva da educação integral e uma personalização do ensino, acentuando sempre a sua dimensão social. Esta proposta prática é entendida por nós como um terreno fértil para o que se deseja semear por meio do PEG.

Por outro lado, o Pacto Educativo é acolhido na RJE como um novo impulso e fervor para o seu proceder educativo e, por isso, ele tem aprofundado aquilo que já fazíamos antes.  Na Escola Santo Afonso Rodriguez, unidade filantrópica da rede que acompanho como diretor acadêmico em Teresina (PI), temos feito momentos de imersão nos compromissos do PEG e de partilha entre professores(as), discentes, colaboradores(as), além de animação da participação em fóruns de docentes e discentes da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC). 

Entretanto, o mais importante é perceber os compromissos do Pacto Educativo Global entranhados no cotidiano de nossa escola: nas reflexões em sala de aula por meio dos professores e professoras de todas as áreas, nas reuniões com pais e responsáveis, nas avaliações diferenciadas, nas atividades pastorais, no cuidado e proteção ao direito das crianças e adolescentes e nas tomadas de decisão sobre o uso dos recursos de maneira sustentável. 

O que acontece nessa unidade da RJE também acontece nas outras escolas, pois trata-se de práticas compartilhadas, com o olhar voltado ao Projeto Educativo Comum (PEC), documento que orienta os projetos específicos de todas as unidades da rede no Brasil. Para o quadriênio 2021-2025, a partir deste projeto, as unidades da rede comprometem-se em ser uma rede de centros inovadores de aprendizagem integral que educam para a cidadania global, com uma gestão colaborativa e sustentável.

Neste sentido, a importância da mobilização e do engajamento da aldeia educativa é essencial. Apesar de a escola ser uma estrutura toda voltada para a formação de pessoas, o mundo é que se beneficia quando homens e mulheres são capazes de transformá-lo, torná-lo mais justo e solidário. Por isso, a educação não é tarefa exclusiva da escola e dos professores. Há experiências e conhecimentos que as crianças e os jovens trazem à escola e que são resultado de sua vivência na família, entre amigos e nos espaços de socialização, experiências estas que são extremamente relevantes para constituir suas personalidades e visão de mundo. Além disso, a escola não é o único e nem o principal espaço de atuação dos educandos e educandas, não mais do que suas famílias e a sociedade. 

Assim, a proposta humanista de educação deve ganhar parceiros em casa, nas praças, nas ruas, nas casas legislativas, nos lugares religiosos, nos grupos de amigos, nas instituições sociais. Por vezes, muitos destes espaços já se comprometem com a proposta e só é preciso criar canais de troca de experiências e práticas. Outras vezes, será necessário convidar as pessoas para essa nova perspectiva, trabalhando para ampliar a conscientização dos valores da justiça e da solidariedade nestes espaços por meio da presença de docentes, discentes, famílias e pessoas de boa vontade que se comprometem com a justiça e com a igualdade. 

Por exemplo, o sexto compromisso do PEG é renovar a economia e a política, o que só é possível a partir de uma maior participação de nossos docentes, discentes, famílias e parceiros nesses ambientes, defendendo a vida, a criação, os mais pobres e os marginalizados da sociedade em um momento de crise econômica que assola o povo e de descrédito na política brasileira.

Nesse contexto, a Província dos Jesuítas do Brasil, por meio da RJE, tem respondido aos apelos do PEG com um diferencial que associa suas escolas a tantas outras que, em todo o Brasil e no mundo, se reconhecem como humanistas: o compromisso com a transformação da sociedade por meio de homens e mulheres conscientes, competentes, compassivos(as) e comprometidos(as). O PEG amplia a nossa noção de trabalho em rede, rearranja a cartografia de nossas parcerias e renova as nossas esperanças na educação e em um mundo novo.

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