No Angelus de domingo, 27 de dezembro, dia em que a Igreja celebra a Sagrada Família, o Papa Francisco anunciou a convocação de um ano especial dedicado à família Amoris laetitia, que será inaugurado em 19 de março de 2021, dia de São José e, também, quinto aniversário de publicação desta Exortação Apostólica, fruto da XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, realizada em 2015, sobre o tema A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo. O encerramento do ano de reflexão está marcado para junho de 2022.
Devido à pandemia da covid-19, o Angelus deste domingo, foi rezado na Biblioteca do Palácio Apostólico, sinalizando os esforços de Francisco para evitar aglomerações e colaborar com as disposições dadas pelas autoridades. Dirigindo-se a quem o acompanhava pelos meios de comunicação, o Papa disse que as considerações sobre o documento “serão colocadas à disposição das comunidades eclesiais e das famílias para acompanhá-las em seu caminho. Desde agora, convido todos a aderir às iniciativas que serão promovidas ao longo do ano e que serão coordenadas pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. Confiemos à Sagrada Família de Nazaré, em particular à São José, esposo e pai solícito, este caminho com as famílias de todo o mundo”.
O Pontífice também chamou a atenção para o fato de que “o Filho de Deus quis ter necessidade, como todas as crianças, do calor de uma família”, e, precisamente por isso, “a família de Jesus, a de Nazaré, é a família modelo, em que todas as famílias do mundo podem encontrar o seu ponto de referência seguro e uma inspiração segura. Em Nazaré brotou a primavera da vida humana do Filho de Deus, no momento em que Ele foi concebido pela ação do Espírito Santo no seio virginal de Maria”.
De acordo com Francisco, ao nos inspirarmos na Sagrada Família, somos chamados a redescobrir o valor educativo de um núcleo familiar fundado no amor que sempre regenera as relações, e abra horizontes de esperança. “Em família se poderá experimentar uma comunhão sincera quando ela é casa de oração, quando os afetos são sérios, profundos, puros, quando o perdão prevalece sobre a discórdia, quando a dureza cotidiana do viver é amenizada pela ternura recíproca e pela serena adesão à vontade de Deus”. Para o Pontífice, a família é essencial para que todos encontrem energia espiritual para se abrir ao exterior, aos outros, ao serviço dos irmãos e à colaboração para a construção de um mundo sempre novo e melhor.
O Papa recordou que nas famílias existem problemas, que às vezes se briga, “mas somos humanos, somos fracos, e todos temos às vezes este fato que brigamos em família”. A recomendação, já feita em outras oportunidades, é que não se acabe o dia sem fazer as pazes, pois “a guerra fria no dia seguinte é muito perigosa”. Ele também lembrou as três palavras fundamentais para que o ambiente em família seja bom: “com licença”, “perdão”, “obrigado”. “Não ser invasivos”, agradecer sempre, pois “a gratidão é o sangue da alma nobre”, e depois pedir perdão, das três, a palavra mais difícil de dizer.
Após rezar o Angelus, ao saudar as famílias, grupos e fiéis que acompanham pelos meios de comunicação, o Santo Padre dirigiu seu pensamento em particular “às famílias que nos últimos meses perderam um familiar ou foram provadas pelas consequências da pandemia. Penso também nos médicos, enfermeiras e todo o pessoal de saúde cujo grande empenho na linha de frente do combate à propagação do vírus teve repercussões significativas na vida familiar”.
O Papa também confiou ao Senhor “todas as famílias, especialmente as mais provadas pelas dificuldades da vida e pelas feridas da incompreensão e da divisão. O Senhor, nascido em Belém, conceda a todas a serenidade e a força para caminharem unidos no caminho do bem”.
Fonte: Vatican News