O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta semana, na Sala do Consistório, no Vaticano, bispos, superiores, formadores e formandos da Calábria por ocasião de sua peregrinação a Roma (Itália).
Depois de saudar todos os presentes, o Papa se deteve na pergunta que Jesus faz aos discípulos: “O que vocês estão procurando?”.
“Às vezes, procuramos uma “receita” fácil, mas Jesus começa com uma pergunta que nos convida a olhar para dentro, para verificar as razões do nosso caminho”, disse o Pontífice. “A vocação de vocês é caminhar com o Senhor, o amor do Senhor. Tomem cuidado para não caírem no carreirismo que é uma praga, o carreirismo é uma das formas mais feias de mundanismo que nós clérigos podemos ter”, sublinhou.
O que os formandos procuram?
Francisco também questionou os formandos sobre o que eles procuram, qual foi o desejo que os levou a sair ao encontro do Senhor e a segui-Lo no caminho do sacerdócio. Disse que esse questionamento é necessário porque, às vezes, acontece de, por trás das aparências de religiosidade e até de amor à Igreja, buscar a glória humana e o bem-estar pessoal. E é muito triste quando se vê sacerdotes que são funcionários, que se esqueceram de ser pastores do povo e se tornaram clérigos de Estado.
“A formação é o tempo de ser verdadeiros conosco mesmos, deixando cair as máscaras, artimanhas e aparências. Neste processo de discernimento, deixem que o Senhor trabalhe em vocês, que os fará pastores segundo o seu coração, porque o contrário é usar máscara, maquiar-se, aparecer é coisa de funcionários, não de pastores do povo, mas de clérigos de Estado”, ressaltou o Papa.
Palavra aos bispos
O mesmo questionamento – “O que estão procurando? Com que Igreja sonham? – foi dirigido aos bispos. O Santo Padre lembrou que não se pode mais pensar no ministério do sacerdote como um pastor solitário, fechado no recinto paroquial ou de obras missionárias.
“É preciso unir forças e partilhar ideias para enfrentar alguns desafios pastorais que já são transversais a todas as Igrejas diocesanas e religiosas de uma Região. Penso na evangelização dos jovens, nos percursos de iniciação cristã, na piedade popular que necessita de escolhas unitárias inspiradas no Evangelho. Penso também nas exigências da caridade e na promoção da cultura da legalidade.
Formação sacerdotal
Segundo o Papa, um seminário com 4, 5, 10 pessoas não é seminário, não se forma seminaristas; um seminário com 100, anônimo, não forma seminaristas. Ele ressaltou a necessidade de pequenas comunidades também dentro de um grande seminário ou um seminário com medida humana que seja o reflexo do colégio presbiteral. “É um discernimento que não é fácil fazer, não é fácil. Mas tem que ser feito e decisões têm que ser tomadas sobre isso. Não será Roma que vai lhes dizer o que fazer, não: porque vocês têm o carisma.”
Segundo o Papa, este processo está sendo iniciado em muitas partes do mundo e é natural que haja alguma resistência e algum esforço em dar este passo. “Mas recordemos que o apego à nossa história e aos lugares significativos da nossa tradição não deve impedir a novidade do Espírito de traçar caminhos a seguir, sobretudo quando o caminho da Igreja o exige. O Senhor nos pede uma atitude de vigilância, para que não nos aconteça “como nos dias de Noé”, quando as pessoas, preocupadas com as coisas habituais, não notaram que chegava o dilúvio. Precisamos de olhos abertos e coração atento para captar os sinais dos tempos e olhar adiante”, concluiu Francisco.
Fonte: MAGIS Brasil