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Pe. Valério participa de missão no AM

Na foto (esq. p/ dir.), padre Valério Sartor com o bispo dom Edson Damian.

O padre Valério Sartor visitou a diocese de São Gabriel da Cachoeira, localizada no munícipio de mesmo nome, no interior do estado do Amazonas. Confira o relato do jesuíta:

 

Missão na diocese de São Gabriel da Cachoeira

A região da bacia do Rio Negro é imensa, só a área de extensão que abrange a diocese de São Gabriel da Cachoeira tem 293 mil km². Localizada ao norte do Amazonas, na fronteira com Colômbia e Venezuela, é chamada de “cabeça do cachorro” pelo seu formato no mapa. Essa região possui uma densidade populacional de 0,25 habitantes por km². A diocese está dividida em 10 paróquias e conta com uma equipe missionária de 19 padres, mais a colaboração das religiosas. Só o município de São Gabriel da Cachoeira tem uma extensão geográfica de 109.184 km², com uma população de 38.507 habitantes. Segundo o bispo dom Edson Damian, “nessa região, 3% da mata foram destruídos, isso porque 90% da população são indígenas, eles sabem conviver com a mãe terra, sem poluir, sem destruir e também porque ainda não chegaram as madeireiras e nem o agronegócio”.

A região está situada por onde cruza a linha imaginária do Equador, por isso, o calor é intenso mesmo com as constantes chuvas que caem na região. A selva não é tão intensa devido ao terreno ser muito arenoso e pobre para produção, o que reflete um nível de maior pobreza na população que vive nas margens ao longo do Rio Negro, devido à escassez da pesca e da produção agrícola de subsistência.

Atualmente, a população indígena da região é composta por 23 etnias de quatro grandes famílias linguísticas: Tukano Oriental, Aruak, Maku e Yanomami. As línguas predominantes mais faladas são Tukano, Baniwa, Yanomami, além da Língua Geral criada pelos Jesuítas para facilitar a comunicação e a Evangelização, no séc. XVII.

Nesses 24 dias, em que estive colaborando na diocese, ministrei cursos de Liturgia e catequese na Paróquia, além de colaborar com as celebrações Eucarísticas, inclusive para o Tríduo em preparação para a festa do Padroeiro São Gabriel.

Aproveitando a presença de um jesuíta, dom Edson pediu que eu orientasse um retiro inaciano em preparação para a ordenação Sacerdotal do Diácono João Nilton, que é indígena e será ordenado em dezembro próximo.

No espírito de missionário, durante quatro dias fiz a experiência da itinerância pelos rios da Amazônia fazendo a famosa “desobriga” (que compreende as celebrações dos Sacramentos e bênçãos das casas) nas comunidades indígenas, localizadas ao longo das margens do rio Curicuriari, um afluente do Rio Negro, que fica a um dia de viagem de “voadeira”, que é a lancha rápida, como é chamada na região amazônica.

Nas comunidades onde passei é visível a simplicidade e a austeridade com que vivem os povos indígenas e, ao mesmo tempo é gratificante perceber a alegria das crianças e o trabalho comunitário, que ainda se preservam na produção de alimentos para subsistência das famílias. Por outro lado, é evidente a preocupação deles com as constantes mudanças e inovações da modernidade que já os atinge, bem como as ameaças das grandes empresas de turismos e extrativismos que estão avançando na região.

Na oportunidade de conhecer melhor a região, aproveitei para divulgar o projeto Pan-amazônico da CPAL, onde fiz contatos com o ISA (Instituto Socioambiental), que é bem conceituado por seus estudos e pesquisas sobre a região e a realidade indígena. Visitei também a FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), entidade que representa o compromisso de defender a causa e os direitos dos povos indígenas, que habitam a região do Rio Negro e que lutam pela demarcação das terras indígenas. A diretora presidente, Almerinda R. de Lima e Sr. Raimundo (da comunicação), me forneceu materiais e vídeos institucionais, que retratam a longa história de luta dos povos indígenas na região.

 

 

 

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