A Pastoral Universitária de Boa Vista (Roraima) promoveu uma palestra sobre a atual situação dos indígenas brasileiros, sua história e relação com o Estado. O antropólogo espanhol, Luís Ventura, o padre jesuíta Urbano Muller, e irmã Inés, missionária da Consolata, participaram do encontro, realizado no dia 8 de novembro, no Centro Pastoral da Prelazia de Roraima.
O objetivo da palestra era estimular a reflexão sobre os direitos indígenas. Cerca de 20 estudantes universitários, na sua maioria da UFRR (Universidade Federal de Roraima) prestigiaram o evento. O padre Urbano deu seu testemunho sobre o trabalho missionário na comunidade wapixana, e a irmã Inés relatou as alegrias e esperanças da missão na área yanomâmi.
Para o antropólogo Luís Ventura, missionário leigo vinculado aos missionários da Consolata, durante a ditadura militar, o Estado brasileiro não reconhecia a existência dos povos indígenas. Somente em 1988, com a Constituição, é que o direto originário do indígena a demarcação de terras foi reconhecido. Mas, Luís alerta que “25 anos depois, somente um terço das áreas indígenas tem sido homologadas. Muitos processos estão paralisados, e outros nem começaram”.
Luís destaca também que “o governo optou por uma política de aceleração de crescimento econômico. Isso implica maior exportação de matéria prima, principalmente mineral e agrícola”. Para ele, controlar a terra é necessário para a realização dessa política. “A demarcação das terras indígenas está num período de retrocesso por conta disso, e as terras já demarcadas estão sendo novamente invadidas. A prioridade absoluta é produzir para a exportação”, afirma.
Luís Ventura mora em Roraima, há cinco anos, com sua mulher e três filhos. O antropólogo, assessora a Pastoral Indígena da Diocese e trabalha também na Cáritas. “Roraima possui uma grande população indígena, que sofre negligência por parte do Estado, agressão por parte dos invasores e ignorância por parte do povo”, diz. Para ele, a questão indígena deveria ter mais visibilidade. “Chama atenção que esta realidade não faça parte do debate público”, conclui.
Fonte: Padre Nathan