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Romaria das Águas: um grito pela vida na Amazônia

Romaria das Águas

Em Manaus (AM), a primeira edição da Romaria das Águas ecoou um clamor uníssono pela defesa dessa fonte vital para todos. A iniciativa, organizada pelo Coletivo Fórum das Águas e pela Habitat para a Humanidade Brasil, reuniu diversas entidades da sociedade civil na manhã desta sexta-feira, 22 de março, percorrendo o Rio Negro e Solimões.

Com o tema “Água é vida que flui em tudo e para todos”, a Romaria permitiu um momento de reflexão e sensibilização da população para a importância da preservação dos recursos hídricos, denunciando as ameaças que pairam sobre a Amazônia e exigindo medidas concretas para garantir esse bem para as futuras gerações. Na ocasião também foi lida a carta do evento para este dia, pelo coordenador do Fórum das Águas, Pe. Sandoval Alves Rocha, SJ.

O evento também contou com a presença do delegado para a Preferência Apostólica Amazônia (PAAM), Pe. Rogério Mosimann, SJ, e do diretor do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), Pe. Sílvio Marques Sousa Santos, SJ, Pe. Silas Moesio Maciel da SilvaSJ, pelo Magis Brasil, além de colaboradores das obras jesuítas na região, como Sares e Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR).

Vozes pela mudança

A Romaria das Águas amplificou as vozes de diferentes atores que lutam pela defesa da água na Amazônia, como o Pe. Sandoval Rocha, SJ, coordenador do Fórum das Águas, que ressaltou: “Precisamos que a sociedade se sensibilize mais, se mobilize para pressionar os poderes públicos por políticas públicas mais adequadas, democráticas e sustentáveis para tratar a água e a natureza como um todo”.

Simone Alves, secretária do Meio Ambiente da CUT Amazonas, reforçou a necessidade de cobrança por políticas públicas: “Defendemos políticas públicas de sustentabilidade para garantir a água potável e o saneamento básico para todos, combatendo a ganância e a exploração predatória dos recursos naturais.”

Elisa Wandelli, integrante do SOS Encontro das Águas, diz que todos nós “temos que cobrar políticas públicas, nos unir para que os rios da Amazônia não sejam a cloaca dos excrementos industriais e domésticos.” 

Fátima Barbosa, agente do Instituto Sumaúma, também alertou: “Se não cuidarmos das nossas águas hoje, amanhã teremos problemas. É preciso conscientizar a população sobre a importância da preservação dos igarapés, que são fundamentais para a nossa água potável”.

Já Frei Paulo Xavier, religioso da Congregação dos Frades Capuchinhos, ressaltou que “a água é irmã e fonte de vida. Devemos cuidar dela com respeito e fraternidade, construindo um futuro sustentável para a Amazônia.”

Um cenário preocupante

Segundo o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre a Água 2023, cerca de 2,3 bilhões de pessoas vivem em países com estresse hídrico – situação em que a demanda pelo recurso supera sua disponibilidade natural. No Brasil, a situação não é diferente: 35% da população está em áreas com risco de escassez hídrica, e o índice de perdas de água no Brasil é de 36,7%, o que significa que quase 40% da água potável tratada é desperdiçada antes de chegar às casas. Além disso, o saneamento básico precário atinge 35 milhões de brasileiros, que não têm acesso à rede de coleta de esgoto.

A realidade amazônica

Apesar da abundância de água, a Amazônia enfrenta desafios específicos. As comunidades ribeirinhas ainda sofrem com a falta de acesso à água potável e ao saneamento básico, enquanto os igarapés de Manaus estão poluídos por resíduos sólidos e lançamento de esgoto. O desmatamento e o garimpo ilegal também ameaçam a qualidade dos rios, colocando em risco a saúde das populações e a biodiversidade da região.

Em 2023, a Província dos Jesuítas do Brasil, em parceria com a Rede Ecumênica Amazonizar, lançou a campanha “A Amazônia Tem Sede”. A iniciativa teve como objetivo levar ajuda humanitária às comunidades indígenas e ribeirinhas da bacia do rio Tarumã-Açu, no entorno de Manaus (AM), que sofriam com a seca extrema que assolou a região.

A campanha teve como foco a entrega de kits de água potável, compostos por caixa d’água, filtro de barro e recipientes.  A ação foi realizada entre novembro de 2023 e janeiro de 2024, ressaltando a importância da água para todos e das ações pela justiça ambiental na Amazônia.

Um Clamor por Ação

A Romaria das Águas se configurou como um grito por medidas concretas para garantir o direito hídrico na Amazônia. A união de diferentes setores da sociedade civil demonstra a força da luta pela preservação da água e da floresta. É um chamado à ação urgente para proteger a vida e construir um futuro mais justo e sustentável para a região.

O Fórum das Águas, idealizador da iniciativa, se coloca como um espaço permanente de debate e mobilização social em defesa da água na Amazônia. Por meio de ações contínuas de conscientização, diálogos políticos e proposição de soluções, o Fórum busca garantir que a água continue a fluir como símbolo da vida e da esperança para as futuras gerações.

Confira na íntegra a carta do Fórum das Águas:

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