“Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia.” (Romanos, 8)
O sexto ano do Dia Mundial da Oração pelo Cuidado da Criação, um chamado à união em prol da Casa Comum, instituído pelo Papa Francisco, soma-se ao cenário atual propondo reflexões sobre os rumos da humanidade. A pandemia causada pelo coronavírus acentuou graves problemas sociais, que afetam sobretudo os mais vulneráveis. Por isso, hoje mais que nunca, orientados pelas Preferências Apostólicas Universais, somos chamados a colaborar com as mudanças para o bem-viver.
O mundo tem sofrido os impactos de estilos de vida que levam o planeta ao limite. A busca incessante pelo enriquecimento, consumo e produção tem exigido ao extremo do meio ambiente e contribuído para transformações irreversíveis. O Brasil, atualmente, é acometido por uma dessas catástrofes que mobilizam os olhares de todos os povos: as queimadas no Pantanal e na Amazônia.
O Tempo da Criação é um convite a regressar a Deus, sem o Qual é impossível restabelecer a harmonia com a Casa Comum, e renovar os laços uma vez perdidos e esquecidos. Obedecendo o compromisso de ser ponte para o caminho do Senhor, a Companhia de Jesus se faz presente nas alianças que tem se formado para contribuir com os esforços. Recentemente, no Brasil, uniram forças a franciscanos pela Revolução Laudato Si’, com o intuito de promover ações voltadas à luta pela justiça socioambiental, o combate a formas de exploração e desigualdade socioeconômica,contra expressão de racismo, e em defesa dos povos indígenas e da democracia.
Pelo Dia Mundial da Amazônia, celebrado em 5 de setembro, a Província dos Jesuítas do Brasil – por meio da Preferência Apostólica Amazônia (PAAM) e do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA) – junto com o Serviço Jesuíta Panamazônico (SJPAM) e a Conferência dos Provinciais da América Latina e Caribe (CPAL) publicaram a Carta Aberta “Amazoniza-te Família Inaciana” de sensibilização para o cuidado da Amazônia.
Em outra ação, promovida em junho deste ano, o Vaticano anunciou a criação da Conferência Eclesial da Amazônia, que promete ser “uma resposta nesses tempos difíceis e excepcionais para a humanidade”, e, em especial, para o bioma brasileiro de valor inestimável para o equilíbrio climático mundial, que tem sido gravemente afetado.
Na mensagem para o Dia Mundial da Oração pelo Cuidado da Criação, o Santo Padre ressaltou a necessidade de ouvir a voz da criação que incita, alarmada, a “regressar ao lugar certo na ordem natural das coisas, lembrando-nos que somos parte e não donos”. Além disso, Francisco fez um chamado em concordância com o discurso de que ações precisam ser tomadas, ao orientar sobre a importância de uma mudança de comportamento.
“Devemos examinar os nossos hábitos no uso da energia, no consumo, nos transportes e na alimentação. Devemos retirar, das nossas economias, aspectos não essenciais e nocivos, e criar modalidades vantajosas de comércio, produção e transporte dos bens”, disse Francisco salientando o significado do tema dado a mensagem (Jubileu da Terra). Na bíblia, o Jubileu é um tempo sagrado para recordar, regressar, repousar, restaurar.
O chamado ao clamor pela criação é também para renovar a fé em Deus e a capacidade de contemplar e valorizar esse patrimônio do qual desfrutamos, algo que os irmãos e irmãs indígenas, em harmonia com a terra e as suas variadas formas de vida, têm nos mostrado ser possível.
“Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovai a face da terra” (cf. Sal 104/103, 30)
Fonte: Vatican News | Acidigital | OLMA