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Nota de pesar pelo falecimento do Pe. Leopoldo Adami, SJ

É com profundo pesar que a Província dos Jesuítas do Brasil comunica o falecimento do Pe. Leopoldo Cadore Adami, SJ, ocorrido no último domingo (28/08), no Hospital da Unimed Novo Hamburgo (RS). O jesuíta tinha 95 anos de idade e 76 anos de Companhia de Jesus. Seu sepultamento será na manhã desta segunda-feira, no cemitério dos Jesuítas junto ao Túmulo do Pe. Reus.

Pe. Leopoldo Adami nasceu em 14 de março de 1927 (no registro consta dia 26 de março), em Baixo Salto, Nova Trento (SC), numa família de pequenos agricultores. Seus pais, Luís e Angélica Cadori Adami, tiveram 12 filhos, sendo que três tornaram-se jesuítas, um marista e uma freira da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Leopoldo frequentou a escola e a catequese das Irmãs. O ambiente religioso da família e da comunidade colaborou grandemente para o despertar vocacional.

Entre 1939 e 1945, ele estudou na Escola Apostólica, no Colégio Santo Inácio, Salvador do Sul (RS). Conforme descrição sua, a disciplina era rígida e a formação austera. Ingressou na Companhia de Jesus, em Pareci Novo (RS), dia 28 de fevereiro de 1946, sendo o Pe. Léo Kohler, SJ, o Mestre de Noviços. O regime do Noviciado era duro, mas levava o noviço a um conhecimento e adesão profundos a Jesus Cristo.

Em 7 de março de 1948, ele emitiu os primeiros votos e, a seguir, fez dois anos de Juniorado (curso de Humanidades e Retórica), também em Pareci Novo. De 1950 a 1952, cursou a Filosofia no Colégio Cristo Rei, em São Leopoldo (RS). Além dos estudos, os estudantes também davam catequese nas escolas da região.

De 1953 a 1954, Leopoldo realizou o Magistério no Colégio Santo Inácio, em Salvador do Sul. Além de ser o prefeito dos alunos maiores, foi professor de História, Português e Geografia. Como se não bastassem estas atividades diuturnas com os alunos, ele fundou uma revista colegial, chamada “A Conquista”, que teve uma aceitação muito grande na Província. Em 1955, o jesuíta foi destinado ao Colégio Anchieta, em Porto Alegre (RS), onde continuou seu Magistério. Também ali, teve intensa atividade de acompanhamento dos alunos no setor esportivo e artístico. Conforme avaliação que ele fez, foi um período sobrecarregado de trabalho, mas de grande criatividade e satisfação. Criou gosto e dedicou sua formação ao Português e à Literatura.

De 1956 a 1959, o ele voltou ao Colégio Cristo Rei, em São Leopoldo, a fim de cursar a Teologia. Foram anos de muito estudo, muita leitura, bastante estímulo e elã apostólico. Não faltaram atividades externas (paróquias ou escolas). Foi ordenado sacerdote no Colégio Cristo Rei por D. Edmundo Kunz, bispo Auxiliar de Porto Alegre, dia 8 de dezembro de 1958.

Em 1960, o Pe. Leopoldo fez a Terceira Provação na Fazenda Três Poços, no Rio de Janeiro, sendo Instrutor o Pe. César Dainese, SJ. Foram muito positivas as atividades apostólicas em paróquias (foi vigário numa paróquia durante três meses). A incorporação definitiva na Companhia de Jesus por meio dos últimos votos realizou-se no dia 15 de agosto de 1963.

De fevereiro de 1961 a junho de 1963, o Pe. Leopoldo esteve em Roma (Itália), fazendo o biênio de Teologia Pastoral, na Universidade Gregoriana. Foi um período de estudo intenso, com pequena atividade apostólica na Igreja de Santo Inácio. Conforme avaliação sua, foi um período muito fecundo, síntese pessoal; teve uma visão mais universalista das coisas.

De retorno à Província, em agosto de 1963, iniciou seu trabalho no Colégio Cristo Rei de São Leopoldo como professor de Teologia Pastoral e ministro dos teólogos. Já no ano seguinte, foi nomeado Reitor do Colégio Cristo Rei, cargo que desempenhou de 31 de maio de 1964 a 8 dezembro de 1968. Também foi Diretor da Faculdade de Teologia. Manifestou gosto pelo trabalho, pelo magistério teológico e pelo trato e formação dos escolásticos; foi um período realizante, fecundo; participou de encontros de formação dos Nossos na América Latina. Por outro lado, sentiu angústia pelo problema da formação dos Nossos em plena crise e sem visão ainda de síntese. Também foi o introdutor de estudo dos Irmãos.

Em 1966, esteve na 31ª Congregação Geral (CG 31ª) como perito no tema “Vida Comunitária”, dando preciosa colaboração. Esse fato é lembrado pelo Pe. Peter Hans Kolvenbach, SJ, quando escreveu ao Pe. Adami por ocasião de seu jubileu de ouro na Companhia.

Em 8 de dezembro de 1968, assumiu o cargo de Provincial do Brasil Meridional, com residência em Porto Alegre. No início do seu governo, a Província tinha cerca de 500 membros. E no final do seu governo, dia 13 de julho de 1975, tal número havia diminuído sensivelmente, dando a impressão de desagregação. Além da crise vocacional, a Província passou por grave problema financeira. Mas fez-se um esforço de linhas de ação para reverter o quadro.

Dia 31 de julho de 1969, foi criada a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), de São Leopoldo. O Pe. Leopoldo muito contribuiu para o início e o desenvolvimento da instituição.

Pe. Leopoldo foi presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil Rio grande do Sul (CRB/RS), de 1969 a abril de 1972. De maio de 1972 a março de 1974, foi Presidente da Conferência dos Provinciais do Brasil. Em novembro de 1974, o Pe. Leopoldo participou da 32ª Congregação Geral em Roma, a qual terminou em março de 1975. Na ausência dele, o Pe. Paulo Englert, SJ, assumiu como Vice-Provincial. Em 1978, foi novamente a Roma participar da Congregação de Procuradores. Tal Congregação coincidiu com a morte repentina do Papa João Paulo I.

Logo após o provincialado, no 2º semestre de 1975, o Pe. Leopoldo foi novamente à Europa para estudos, isto é, atualização teológica. Inicialmente esteve em Chantilly, perto de Paris (França). Porém, em setembro de 1976, foi ao Colégio Pio Brasileiro em Roma a fim de publicar a tese de doutorado que defendera 13 anos antes, o que significou atualizar diversos aspectos da obra.

Dia 20 de janeiro de 1977, a Universidade Gregoriana de Roma concedeu o título de Doutor em Teologia ao Pe. Leopoldo Adami. Na Unisinos, Pe. Leopoldo foi professor titular no Departamento de Teologia, onde deu cursos de atualização teológica.

De retorno à Província, em inícios de 1977, o Pe. Leopoldo foi nomeado ministro dos teólogos e filósofos, no Colégio Cristo Rei. Também foi professor e Teologia Dogmática. Igualmente, foi Redator da revista Perspectiva Teológica por dois anos.

A partir de 1980, quando o Colégio Cristo Rei de São Leopoldo foi transformado em Centro de Espiritualidade Cristo Rei (CECREI), o Pe. Leopoldo dedicou-se à orientação de retiros para diversas congregações religiosas, em diversas partes do sul do Brasil. Também deu muitos cursos, atendimentos e assessorias. Tais cursos tinham como tema o discernimento espiritual, a espiritualidade do(a) religioso(a), o acompanhamento na formação, a experiência de Deus e o ser religioso hoje, a integração humana e espiritual e discernimento.

Em outubro de 1991, teve que se submeter a uma cirurgia do coração, no Instituto do Coração (Incor), São Paulo (SP). Na verdade, carregou a cruz da doença por longos anos. Com relação aos nossos idosos e enfermos, o Pe. Leopoldo escreveu como Provincial: “Tenho grande veneração e o maior apreço pelos nossos idosos e beneméritos que desgastaram toda sua vida a serviço das almas, da Companhia e da Igreja. E desejaria proporcionar-lhe as melhores condições possíveis para o tempo da velhice e de enfermidades”.

Em 2015 o Pe. Leopoldo foi destinado à casa de Saúde São José, em São Leopoldo, onde esteve até o dia 28 de agosto de 2022, quando fez sua páscoa.

A Província do Brasil se solidariza com os familiares do Pe. Leopoldo Adami, jesuítas e amigos.

Fonte: Pe. Inácio Spohr, SJ

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