Na última quinta-feira (30), em Manaus (AM), jesuítas e leigos (as) que estiveram durante três dias reunidos na Casa de Retiros Ir. Vicente Cañas para o Encontro da Preferência Apostólica Amazônia (Paam) que ocorre de dois em dois anos, encerraram o dia com a reflexão: onde o Espírito está nos conduzindo?
Logo pela manhã, com a colaboração da Ir. Telma Pereira Santos, da Congregação de São José e da coordenação pedagógica do Fé e Alegria Amazonas, os participantes meditaram o sentido de manter a chama acesa da missão.
Em seguida, Ir. Davidson Braga, SJ, sócio do provincial do Brasil e admonitor, conduziu o momento de plenária do último dia do Encontro. Propôs aos membros da assembleia apresentar ecos, reações ou comentários ao vivido e dialogado até ali.
Entre os consensos destacados se dizia que se deve passar da conversão para a convergência dos serviços entre as obras da Companhia de Jesus.
Para este novo ciclo apostólico com a nomeação de outro delegado para a Paam, repercutia-se também que o “o futuro é ancestral”. Ou seja, esse novo caminho não deve ser feito sem considerar a história da Companhia de Jesus na Amazônia, do que ela é e é chamada a ser. A insistência é para um trabalho de continuidade na gestão e não de quebras de processos.
Outra ênfase que apareceu nos consensos, é que todo o trabalho na região amazônica e a partir daí dentro da própria instituição religiosa devem convergir com aquilo que a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) e a Conferência Eclesial para a Amazônia (Ceama) estão realizando. Também se frisou na mesma perspectiva o Serviço Jesuíta Pan-Amazônico (Sjpam).
Nesse horizonte, Pe. Fernando López, SJ, dizia: “superemos a lógica das fronteiras políticas”. Recordou o exercício espiritual inaciano da contemplação da encarnação para frisar que o Senhor Deus concedeu a graça de estar na Amazônia e a inter-relação é mais que necessária. Depois apontou a necessidade de “sentir com a Igreja”, pois afirma que “todos estão olhando para um projeto eclesial amazônico”, o que torna imprescindível, segundo ele, “somar junto”.
Algumas atitudes para aqueles que atuam na Amazônia também foram evidenciadas. Aos gestores se pede “acompanhar mais do que liderar” e o papel de “serem facilitadores”. A todo corpo apostólico o de “assumir com alegria a missão”, “dispor-se”, “enriquecer-se na diversidade”, “esperançar”, “reconhecer o amor de Deus” que se encontra na itinerância, nos aprendizados, na partilha, na atitude de gratidão, na experiência da encarnação, no evangelho da criação, na missionariedade e muitas outras coisas.
Após o momento de consensos, entre ecos e comentários, Pe. Vanildo Pereira, SJ, sugeriu que os processos pelos quais se vive hoje o Serviço Jesuíta Pan-Amazônico (Sjpam) alcancem os Núcleos Apostólicos que compõem a Paam. Pediu que “os planos estratégicos dos Núcleos possam estar em sintonia com o Sjpam, para levarmos em 2024 para o Encontro da Província algo mais forte”, disse.
Pe. David Romero, SI, por sua vez, mencionou a cultura do cuidado como algo que os próprios jesuítas precisam zelar fundamentalmente, desde o indivíduo, passando pela vida comunitária, até a inter-relação apostólica nas obras e serviços. “Sem esse cuidado, sem esse entendimento, a missão não vai muito para frente. Precisamos trabalhar nossos relacionamentos interpessoais”, afirmou.
Pe. Sílvio Marques, SJ, reforçou a importância do Marco de Orientação da Paam, pois o documento foi cultivado e aprimorado ao longo de anos e de várias outras assembleias dizia ele: “Não devemos perder a perspectiva da ancestralidade”, daqueles que precederam a missão no território amazônico.
Pe. Adriano Hanh, SJ, apontou o papel elementar da política, do ser político, do direcionamento de esforços neste para sensibilizar obras e serviços da Companhia. Para ele “a política tem muito a ver com a formação crítica do ser”, único capaz de incidir e transformar a realidade a sua volta. Argumentou que, sem isso, a destruição do meio ambiente é iminente.
Pe. Sandoval Rocha, SJ, acentuou sua alegria em participar do Encontro e recuperou a história do Documento de Santarém, dos bispos da região, para descrever a identidade da Igreja da Amazônia. Uma Igreja que tem, em sua máxima, uma evangelização libertadora e é encarnada na realidade.
Mercy Soares, leiga comprometida com as causas socioambientais, manifestou um olhar sobre a importância da Ecologia Integral que, segundo afirma, se detém em uma lógica relacional: a do ser social, econômico, espiritual e político. Só assim, acredita que haverá uma possibilidade para que todas as pessoas tenham seus direitos garantidos, “que tudo chegue a todos”. Nesse sentido exortou aos membros presentes, a não deixar de assumir “uma visão holística sobre a missão em que tudo está interligado”.
Missa de encerramento do Encontro da Paam 2023
O novo delegado provincial da Companhia de Jesus na Amazônia, Pe. Rogério Mosimann, SJ, foi quem presidiu a Celebração Eucarística de encerramento do Encontro da Paam. Essa foi a primeira missa após a sua posse, no dia 29.
Alguns gestos chamaram a atenção durante o primeiro pronunciamento do jesuíta delegado. Ele adentrou o local e permaneceu com os pés descalços durante todo o tempo da celebração, a cruz que trazia no peito colocou sobre o altar e por fim, dirigiu-se ao povo ali reunido com a saudação “querida Amazônia”.
Os Núcleos Apostólicos na Paam, em uma atitude de confiança e entrega, também o saudaram e lhe entregaram símbolos que registravam a missão que realizam por meio de banners e a fartura de aprendizados que desejam que ele tenha à frente do corpo apostólico amazônico por meio de uma cuia regional.
Toda a celebração proporcionou um espírito de leveza, alegria e paz.